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Modernização dos acordos entre Brasil e México busca aumentar comércio bilateral

Promovido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), pelo Conselho Empresarial Mexicano de Comércio Exterior (Comce), com apoio do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o Fórum Empresarial México – Brasil ocorreu na Cidade do México, com presença presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do presidente da Agência, Jorge Viana, e mais de 400 empresários de ambos os países. Após a cerimônia de abertura, o evento contou com cinco painéis que, ao longo do dia, reuniram especialistas e profissionais dos setores público e privado dos dois países para discutir o cenário, caminhos e o futuro das relações comerciais bilaterais.

Modernização dos acordos

Com moderação da ministra-conselheira representante suplente do Brasil na Associação Latino-Americana de Integração (ALADI) e no Mercosul, Ivana Gurgel, o primeiro painel teve a participação da diretora de Negócios ApexBrasil, Ana Paula Repezza, que apresentou um panorama do comércio entre Brasil e México e lembrou que os acordo vigentes foram negociados há mais de 20 anos, quando o comércio mundial era bem diferente. “O mundo mudou, a dinâmica do comércio global mudou, as economias mudaram. Apesar do dinamismo e desta trajetória ascendente, a integração ainda é limitada”, disse a diretora.

Repezza também destacou o recorde histórico do fluxo comercial entre os dois países, que ultrapassou US$ 14 bilhões em 2023, e reafirmou o propósito da ApexBrasil de conectar empresas e compradores, promover encontros, missões empresariais, apresentar e fomentar oportunidades de negócios. Para ela, além dos valores, é importante frisar a qualidade desta corrente comercial descentralizada, que vai além da indústria de automóveis e inclui toda a cadeia de autopeças, além de setores da indústria da transformação, móveis, moda, calcados, têxteis. “São setores relevantes para a geração de emprego e renda e este comércio bilateral tem impactos positivos para os dois países”.

No mesmo painel, o diretor de Desenvolvimento Industrial e Economia da CNI e diretor-superintendente do Serviço Social da Indústria (SESI), Rafael Lucchesi, detalhou como as mudanças climáticas impõem desafios e vão nortear futuros acordos. “O mundo vai viver, nos próximos anos, considerando as emergências climáticas, uma transição energética rápida e a descarbonização das economias”, afirmou. Segundo ele, este cenário vai criar uma enorme abertura de possiblidades de negócios para pensar em acordos mais abrangentes, inclusive com mútuo conhecimento de certificados e supressão de barreiras comerciais que podem travar negócios. “A aproximação entre Brasil e México tem não apenas uma importância comercial, mas fundamentalmente uma importância estratégica”, finalizou.

As múltiplas possibilidades de comércio entre os dois gigantes da América Latina e a importância da modernização dos acordos comerciais foram destacadas também pelo presidente do Comitê Empresarial Bilateral México Brasil (Comce), Lic. Enrique Gonzalez Calvillo. “Os acordos precisam contemplar soluções para proteger investimentos mexicanos no Brasil e investimentos brasileiros no México”.

Para o diretor do Departamento para o Mercosul do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Francisco Cannabrava, as duas maiores economias da América Latina têm todos os atributos para um acordo de livre comércio.  Ao defender a atualização dos acordos bilaterais, o diplomata usou a metáfora de que os acordos firmados entre México e Brasil, há mais de 20 anos, são como uma criança que cresceu e hoje não cabe mais nas roupas usadas no passado. Segundo ele, há um grau de complementariedade entre as economias brasileira e mexicana e é possível trabalhar de forma realista. “É preciso atualizar, reforçar e expandir nossas relações bilaterais. Recentemente avançamos em outros acordos e aqui também temos que avançar”, defendeu.

De acordo com a diretora geral do Instituto Mexicano para la Competitividade, Valeria Moy, há um ambiente de cooperação mútua que favorece os avanços, mesmo que neste momento não haja a efetivação de um acordo de livre comércio entre México e Brasil. “O objetivo é ambicioso e devemos fazer hoje com o que temos e ir paralelamente avançando”, ponderou.

Mobilidade e logística

No painel sobre “Integração das cadeias produtivas em mobilidade”, representantes da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), Nissan, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Indústria Nacional de Autopartes do México e Associação Mexicana da Industria Automotora apresentaram alguns avanços do setor de transporte. O segmento passa por adaptações e enfrenta o desafio da transição energética diante das dificuldades de mobilidade. De acordo com o debate entre os participantes, os dois países têm necessidades de infraestrutura e abrem oportunidades de negócios do setor de logística. Há novas sinergias nas áreas de energia renovável e biocombustíveis e a tecnologia será uma das grandes aliadas para vencer o desafio de ampliar a produção com sustentabilidade.

Para fechar o Fórum, o último painel, que tratou do tema “Nova indústria e sustentabilidade”, teve moderação do gerente de Inteligência de Mercado da ApexBrasil, Igor Celeste, e reuniu representantes MDIC, de empresas brasileiras e mexicanas como Natura, Eurofarma, Mabe, Weg, Coca Cola Femsa e InBev. Ao longo do painel, todos foram unânimes ao falar sobre o potencial de ambas as nações para continuarem ampliando os laços econômicos não apenas via investimentos estratégicos, mas via inovação e adoção de práticas sustentáveis.

Para os participantes, é necessário criar uma agenda de prioridades que favoreça os negócios internacionais com equilíbrio no fluxo comercial, com foco em sustentabilidade e que resulte no desenvolvimento para os dois países. Por fim, concluíram que há um ambiente favorável à integração econômica entre México e Brasil e que a tendência é a ampliação das oportunidades e dos negócios com cooperação mútua e visão de longo prazo.

Sobre os Fóruns Empresariais

O Fórum Empresarial México-Brasil faz parte dos esforços que a ApexBrasil, em parceria com Governo Federal, tem realizado para estreitar as relações comerciais entre o Brasil e os países das Américas e do Caribe, buscando a cooperação e a abertura de novos mercados. Neste ano, já foram realizados três fóruns empresariais na América Latina, sendo um na Colômbia, outro na Bolívia e um no Chile, realizado em agosto, com a participação dos presidentes Lula e Gabriel Boric, e mais de 500 empresários e empresárias brasileiros e chilenos.

De 2023 até agora, a ApexBrasil, em parceria com o MDIC e o MRE, organizou Fóruns Empresariais e Econômicos em 14 países, 12 deles com a presença do presidente Lula, e dois com a presença do vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin.

Fonte: Apex-Brasil