Jornal Multimodal

Terminais viabilizam planos de Eldorado e Bracell

Novas áreas deverão suportar o aumento de produção planejado pelas duas companhias. Os novos terminais de celulose no Porto de Santos deverão abrir caminho para o aumento de produção da Eldorado Brasil e da Bracell, as duas empresas que conquistaram os contratos de arrendamento e passarão a atuar no porto pelos próximos 25 anos. O leilão das áreas foi realizado na sexta-feira, na sede da B3, em São Paulo.

Para o presidente da Eldorado, Aguinaldo Gomes Ramos Filho, o novo terminal será vital nos planos de expansão da companhia, que pretende ampliar sua produção em Três Lagoas (MS). A ideia é passar do atual patamar de 1,75 milhão de toneladas de celulose por ano para 4 milhões de toneladas. O projeto, porém, ainda não tem data para ser lançado e está em fase final de estudos, afirma o executivo.

As novas áreas deverão garantir o escoamento da produção das empresas, que têm planos de expansão
A nova área conquistada pela empresa terá uma capacidade para armazenar 97 mil toneladas de celulose e movimentar 2 milhões de toneladas por ano.

Para além dos planos de crescimento, a nova área trará ganhos importantes para o escoamento da produção atual, diz ele. “Passaremos a ter um acesso direto ao cais do porto e ganharemos a possibilidade de usar o modal ferroviário para movimentar carga. Isso representa um ganho de eficiência logística muito grande para a empresa”, afirmou.

A Eldorado, que é controlada pela J&F Investimentos, exporta 90% de sua produção. O escoamento hoje é realizado por meio de caminhões, que levam a carga a cinco portos no Sul do país e no próprio Porto de Santos, onde hoje a empresa já tem uma área – que, no entanto, é pequena e sem acesso direto ao cais, o que reduz a eficiência do transporte.

Com o novo terminal, que deve ficar pronto para a operação em um prazo de um ano e meio a dois anos, o plano é concentrar o escoamento logístico em Santos, embora a empresa ainda deva manter parte da exportação em outros portos, segundo o diretor Rodrigo Libaber.

Para a Bracell, do grupo asiático RGE, o terminal conquistado no leilão também terá papel importante no escoamento de sua unidade em Lençóis Paulista, no interior de São Paulo. Hoje, a companhia, que tem sede em Cingapura, executa projeto de ampliação de R$ 8 bilhões de investimentos no local. A nova unidade em construção deverá ampliar a capacidade de produção das 250 mil toneladas anuais para 1,5 milhão de toneladas por ano.

Com o novo terminal, a empresa poderá movimentar 2,6 milhões de toneladas por ano pelo Porto de Santos, além de ter um potencial de armazenagem de 125 mil toneladas.

Ao todo, serão feitos ao menos R$ 380 milhões de investimentos nos dois terminais, para adaptar a estrutura à operação de celulose. Antes, a área abrigava o terminal de contêineres do grupo Libra, cuja operação foi encerrada.

O leilão também trouxe ganhos importantes para a Santos Port Authority (SPA), estatal que administra o porto e que receberá as outorgas oferecidas pelos concorrentes da licitação. Para assumir os contratos, os dois grupos se propuseram a pagar um valor somado de R$ 505 milhões à autoridade portuária.

Os recursos, segundo o presidente da empresa, Fernando Biral, serão usados na execução do atual plano de investimentos do porto, que superam R$ 1 bilhão. “Esses recursos farão com que não tenhamos mais nenhuma necessidade de aporte do Tesouro para realizar esses investimentos”, afirmou Biral.

O leilão foi disputado basicamente pela Eldorado e pela Bracell. A Eldorado saiu vencedora nas duas concorrências, mas como o edital impedia que um mesmo grupo ficasse com as duas áreas, a empresa teve que escolher com qual os terminais ficaria e qual passaria para as mãos da empresa asiática.

A Suzano, por meio da subsidiária Maxcel Empreendimentos e Participações, também deu lances simbólicos na disputa, no valor de R$ 1.000. A empresa já chegou ao leilão com uma restrição: o edital definiu um limite de 40% de participação no mercado de celulose do Porto de Santos para cada grupo econômico. Como a empresa já tem hoje uma operação significativa, não poderia levar nenhuma das áreas – a não ser que fosse a única proponente, o que não ocorreu.

Na sexta, na B3, também foi feito o leilão de uma área no porto de Vila do Conde, no Pará. A única proponente e vencedora foi a Centrais Elétricas de Barcarena (Celba), empresa da Golar Power e Evolution Power Plants (EPP). Com o contrato, fica destravado um projeto de construção de uma usina termelétrica no local, além de um terminal de regaiseificação de gás natural liquefeito (GNL).

O projeto, que já havia saído vencedor de um leilão de energia da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em outubro do ano passado, deverá gerar um investimento de R$ 1,5 bilhão.

 

 

 

Fonte: Valor

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