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Sem demanda externa, produção de frutas do Ceará pode ser afetada

Com o retorno das atividades econômicas na Europa ainda incerto, devido aos impactos do coronavírus no continente, a produção e exportação de frutas do Ceará, neste ano, poderão ser afetadas, caso os países compradores não confirmem os pedidos nas próximas semanas. Um dos principais itens da pauta de exportação cearense, as frutas seguem, em grande parte, para o mercado europeu.

E a preocupação do setor se dá pelo pouco tempo para se preparar para a safra deste ano, já que a plantação tem de ser iniciada já em junho para atender à demanda externa no segundo semestre.

Segundo Luiz Roberto Barcelos, presidente da Associação das Empresas Produtoras Exportadoras de Frutas e Derivados (Abrafrutas), normalmente, as negociações com os importadores europeus ocorrem nos meses de abril e maio, mas, neste ano, os clientes decidiram adiar as compras devido às incertezas. “As pessoas não estão conseguindo conversar sobre isso agora”, ele diz. “Temos muitos clientes na Espanha e na Inglaterra e eles estão dizendo que vão aguardar pelo menos um mês, um mês e meio, porque, neste momento, não tem condição nenhuma de fazer a programação”, acrescenta.

Por isso, Barcelos, que também é sócio e diretor de produção da Agrícola Famosa, maior produtora e exportadora de melão do Brasil, diz que ainda não dá para saber se a produção no segundo semestre será comprometida ou não, que a safra começa em meados de agosto.

Produção nula

“A nossa preocupação é que nós precisamos fazer as vendas agora para começar a produzir, para preparar a produção, para comprar sementes, preparar a terra, comprar adubo. Mas as empresas não estão conseguindo fazer as vendas neste momento”. Caso os importadores internacionais não confirmem seus pedidos já nas próximas semanas, a expectativa é de uma produção praticamente nula neste ano. “Neste momento, ainda não dá para avaliar (os impactos da crise sobre a produção), mas é muito preocupante, temos que aguardar pelo menos mais 30 dias para saber se teremos ou não demanda para o segundo semestre”, diz Barcelos.

“Se não tiver, nós não vamos poder plantar quase nada neste ano porque não vai ter mercado para comprar”.

No primeiro trimestre, período de poucas vendas de melão e melancia, o mercado externo priorizou a compra de frutas cítricas do Brasil, sobretudo limão e laranja. “Esses estão com grande procura lá fora, mas ainda assim, muitos distribuidores estão com medo de falta de liquidez, com medo de não receber, o que acaba aumentando a preocupação”, diz Barcelos.

Mercado interno

Quanto ao mercado interno, o presidente da Abrafrutas diz que vem oscilando desde o início da quarentena, em meados de março.

“O consumo está irregular, mas melhor do que o mercado externo”. Segundo Tom Prado, sócio e CEO da Itaueira Agropecuária, uma das maiores produtoras do Estado, que não estava exportando mesmo antes dessa crise, o coronavírus não impactou a produção da empresa. “No nosso caso, não temos sofrido com esses impactos até agora. E estamos com uma produção de pimentão na Ibiapaba”, diz.

Com as incertezas quanto à demanda interna e, principalmente externa, o setor de frutas também vê com preocupação a geração de empregos pelas empresas, que já vinha em declínio. “Com menos produção, claro que afeta a mão de obra. Temos muito menos gente trabalhando hoje não apenas pelo coronavírus, mas por ter menos fruta no campo”, diz o presidente da Abrafrutas.

Impacto da crise do coronavírus na Europa traz incertezas sobre a produção e exportação de frutas no Ceará, devido ao tempo hábil para fechar contratos e atender aos prazos de envio das cargas.

Fonte: Diário do Nordeste

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