Opinião

Alexandre Machado: Petróleo e Gás na Bacia de Santos, sonho ou realidade?

O advogado e doutor em Direito Internacional fala sobre a região e o futuro internacional da energia

Em tempos de Pré-sal e de promessas de desenvolvimento local não cumpridas, como a implantação da base Logística Offshore, a vinda de empresas da cadeia produtiva, o financiamento do parque tecnológico, entre outras, tal cenário acabou provocando sérios problemas à região. Destaca-se o forte estímulo à construção civil local, a qual realizou pesados investimentos, provocando uma expansão sem precedentes e inflacionando os imóveis, levando à quebra de empresas, pois o “boom” do pré-sal, até aquele momento, não se concretizou.

Dessa forma, buscando esclarecer o futuro da expansão do Petróleo & Gás em nossa região e seus efeitos aos diversos seguimentos, se faz necessário um maior entendimento sobre o futuro internacional da energia, os precedentes locais e os novos investimentos que ocorreram na Bacia de Santos, agora de forma real com a chegada de novos Players do Setor – Shell, TOTAL, CNPC, CNOOC, Repsol, Sinopec, Statoil/Equinox, Petrogal, ExxonMobil, CNODC, BP Energy, QPI, Chevron, Ecopetrol, Karoon, Wintershall, além da Petrobras.

Em rápida análise, o cenário energético mundial passa por grande transformação. Segundo dados da BP Energy, 2019, as perspectivas sugerem que o Petróleo & Gás continuará a desempenhar um papel significativo no sistema energético global até 2040, se estabilizando em meados de 2030, em meio ao crescimento de veículos elétricos e a uma maior eficiência dos motores a combustão. Por outro lado, também destaca-se um avanço do cenário das energias renováveis e gás natural – combustível fóssil menos poluente -, que responderão por 85% do crescimento da demanda por energia mundial. Essa visão é corroborada pela Agência Internacional de Energia, 2019 e pela McKinsey Energy Insights, 2019.

Dentro dessa perspectiva, segundo a Rystad Energy, 2019, as projeções para 2040, apresentam um aumento significativo na exploração Offshore, com destaque em águas profundas, notícia que foi bem recebida pelo setor de fornecimento e serviços, isso após a queda dos investimentos em projetos Offshore nos últimos anos (2015-2017). Assim, diante da retomada dos investimentos no setor, apresentam-se projetos mais enxutos e ajustados, tendo como carro chefe a digitalização de suas operações, buscando aumentar a segurança, ganhos em eficiência e redução de custos.

Vale dizer que as operações em águas profundas representam cerca da metade dos recursos de Petróleo & Gás descobertos nos últimos dez anos, sendo o Brasil, líder global nesse seguimento. Segundo o Boletim de Recursos e Reservas de Petróleo e Gás Natural de 2017, da ANP, o Brasil possuía à época cerca 12 bilhões de barris de petróleo em reservas provadas, e aproximadamente 369 bilhões de metros cúbicos de reservas de gás natural.

Dentro dessa perspectiva, pode-se dizer que, em termos de Cenário Energético Mundial, o desenvolvimento da Bacia de Santos seria um ponto positivo para a região, proporcionando oportunidades para os próximos trinta anos, mas com a consciência de que o negócio necessita mudar e se adaptar ao novo cenário de energias renováveis, que apresenta um duplo desafio, a necessidade de mais energia e menos carbono, tornando o movimento exploratório um grande paradoxo entre a exploração e risco ambiental.

Fonte: A Tribuna

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