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Petrobras tem o maior lucro entre as grandes petrolíferas

O presidente conservador Jair Bolsonaro criticou os lucros da petroleira como ‘estupro’. O candidato de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva disse que é importante o acionista receber seu dividendo quando a Petrobras dá lucro, mas não se deve enriquecer o acionista e empobrecer a dona de casa.

A estatal Petrobras, uma das maiores petrolíferas da América Latina, registrou lucro de US$ 8,6 bilhões no primeiro trimestre de 2022, ocupando o segundo lugar na relação lucro/receita.

A Petrobras converteu 31,6% de sua receita em lucro no 1T2022. A estatal brasileira é a segunda mais lucrativa entre as grandes petrolíferas analisadas pelo Poder360. Ela é superada apenas pela chinesa CNOOC, que gerou um lucro de 37,7% do faturamento no período.

No entanto, a Petrobras tem o maior lucro do ranking: US$ 8,6 bilhões, ou R$ 44,6 bilhões, no período janeiro-março. Ele supera as principais empresas de petróleo, como Shell, Chevron, ExxonMobil, TotalEnergies, Equinor e BP.

Os dados de Princípios Contábeis Geralmente Aceitos (GAAP), um padrão contábil reconhecido pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC).

Essas informações podem diferir daquelas divulgadas pelas empresas petrolíferas, que geralmente destacam o lucro ajustado, ou seja, exclui depreciação, encargos de reestruturação e desinvestimentos.

Nem todas as empresas relatam lucros ajustados. Quando o fazem, aplicam critérios diferentes, dificultando a comparação dos resultados.

A guerra na Ucrânia beneficiou a estatal carioca. No início do conflito, algumas empresas anunciaram que deixariam de operar na Rússia.

Seus relatórios de ganhos do primeiro trimestre relataram perdas relacionadas à desvalorização de seus ativos no país ou a desinvestimentos.

As perdas somaram US$ 38 bilhões nas cinco maiores, como são chamadas as maiores companhias petrolíferas do mundo. Essas perdas reduziram a lucratividade das empresas e contribuíram para que a Petrobras estivesse no topo do ranking.

Outro fator é que a guerra aumentou o preço dos barris. De janeiro a março, o custo médio do Brent foi de US$ 101,4. A última vez que a commodity atingiu esse patamar foi em 2014.

No 1º trimestre, as exportações da Petrobras aumentaram 23% em volume. Vendeu 543 mil barris por dia, o equivalente a US$ 4,8 bilhões em vendas.

Segundo a estatal, foi o segmento de exploração e produção de petróleo e gás natural que atraiu os lucros do período. Esse segmento foi responsável por 80% dos R$ 44,6 (US$ 8,6) bilhões reportados. Os 20% restantes vieram de outros segmentos, incluindo refino.

Segundo José Mauro de Morais, Coordenador de Estudos em Petróleo e Gás do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a Petrobras tem baixos custos de extração na área do pré-sal e o preço do barril, o que ajuda a explicar os resultados da petroleira.

O aumento das exportações e o fato de a estatal fornecer a maior parte do petróleo refinado no país também tornam os resultados previsíveis.

“A Petrobras é a maior vendedora de petróleo do mercado brasileiro, então é natural que a empresa tenha um lucro alto por causa dessa grande participação de mercado”, disse.

Em declarações à imprensa nesta sexta-feira (6), o novo presidente da Petrobras disse que “não há correlação significativa” entre os lucros da estatal e os ajustes de combustível feitos em suas refinarias. José Mauro Coelho fez a declaração sem se referir diretamente às críticas do presidente Jair Bolsonaro aos lucros.

O conservador presidente brasileiro vem criticando os lucros da petroleira desde quinta-feira (5) quando os resultados foram divulgados. Em sua transmissão ao vivo semanal no mesmo dia, ele até chamou os resultados de “estupido”.

No sábado (7), ele voltou a pedir à Petrobras que não volte a aumentar os preços dos combustíveis . Ele disse que a estatal estava lucrando bilhões “ às custas do povo ” e que “o Brasil não aguenta mais um reajuste nos preços dos combustíveis em uma empresa que fatura dezenas de bilhões anualmente”.

A estatal segue uma política de preços de paridade de importação (PPI) desde a posse do governo Michel Temer, em outubro de 2016. O PPI equipara os preços domésticos aos preços do mercado internacional e repassa as oscilações com mais frequência aos consumidores. Os preços dos combustíveis também estão subindo com o real desvalorizado e o aumento dos preços do petróleo.

Embora o último reajuste da Petrobras tenha sido em março, os preços vêm batendo recordes desde então. Na semana passada, o preço médio da gasolina foi de R$ 7,29 por litro – o maior da série histórica da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), iniciada em 2004, e o equivalente a US$ 5,50 por galão. O diesel atingiu o maior patamar da série na semana de 17 a 23 de abril, com preço médio de R$ 6,73.

De acordo com o último relatório do PPI divulgado nesta sexta-feira (6) pela Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a diferença média é de 21% para o diesel e 17% para a gasolina.

Em conferência com analistas na sexta-feira, José Mauro reiterou a continuidade da política de preços da estatal. “Continuaremos comprometidos e seguiremos as estratégias delineadas em nosso plano estratégico”, disse ele. Ele então disse aos jornalistas que a Petrobras está tentando fazer aumentos para evitar repassar a instabilidade dos preços dos combustíveis.

Segundo o diretor de marketing e logística da Petrobras, Claudio Mastella, a estatal aguarda uma “estabilização” para reajustar os valores.

José Mauro é o terceiro a assumir a Petrobras no governo Bolsonaro. Seus antecessores, Roberto Castello Branco e Joaquim Silva e Luna, foram demitidos após serem desgastados por sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis. Quando assumiram a Petrobras, não mudaram a política de preços.

No período que antecedeu a disputa eleitoral, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que vai acabar com o PPI. “É importante que o acionista receba seu dividendo quando a Petrobras dá lucro, mas não posso enriquecer o acionista e empobrecer a dona de casa”, escreveu ele no Twitter no início de fevereiro.

O número de famílias brasileiras em extrema pobreza cadastradas no CadÚnico (Cadastro Único) do país aumentará 11,8% até 2022.

Mas não só a população empobrecida aumentou no Brasil. Apenas alguns dias atrás, foi anunciado que  mais de 50% de todas as famílias do país devem agora ser consideradas pobres.

Muitas vezes eles estão trabalhando pobres. Eles podem ter uma casa, um carro, móveis – tudo a crédito – mas não podem mais dirigir por aí e comer apenas a comida mais barata, se é que com alguma regularidade.

Segundo pesquisa realizada pela PowerData entre os dias 24 e 26 de abril, 67% da população brasileira apoia a intervenção do governo na Petrobras para baixar os preços dos combustíveis.

 

 

 

 

Fonte:  Poder360

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