Setor de pesca do Ceará espera voltar a exportar para Europa em 2019
O mercado de pesca do Ceará espera retomar as exportações para a União Europeia (UE) ainda este ano após promessa do secretário Nacional de Pesca e Aquicultura, Jorge Seif Junior, durante visita a Fortaleza na última sexta-feira (22). De acordo com Paulo Gonçalves, vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Frio e Pesca do Ceará (Sindfrios), o secretário “está trabalhando desde o primeiro dia de Governo para isso”.
A volta do bloco econômico para o rol de compradores do produto cearense significaria um aumento de 20% no volume exportado e no faturamento do setor, de acordo com Paulo. “Nós queremos estar enviando para lá novamente ainda este ano, mas é um processo lento”, diz Gonçalves.
O Brasil deixou de mandar pescado para a UE desde janeiro do ano passado. O motivo é o não cumprimento das exigências feitas pelo bloco por parte do Governo brasileiro.
Pesca ilegal
Segundo maior exportador de pescados do Brasil, o Ceará ainda enfrenta gargalos tanto na parte logística como na fiscalização da pesca irregular. Paul Gonçalves revela que cerca de 25% do produzido são perdidos com pesca irregular, o que representa um prejuízo de R$ 40 milhões por ano.
No entanto, o setor aposta no aumento do consumo interno para alavancar a produção. “Estamos enfrentando problemas estruturais, como pesca irregular, embarcações sem licença”, disse Jorge Seif.
O secretário, que participou de um almoço com representantes dos setores da lagosta, camarão, atum e tilápia, disse que o novo Governo irá atuar para dar segurança jurídica para os empreendedores do setor e que pretende facilitar processos que acabam gerando distorções e punições que poderiam ser evitadas. No encontro, foi firmado um acordo de cooperação pelo qual o Estado cede servidores para dar agilidade aos processos de concessão de licenças.
Sobre a atuação da Pasta no Ceará, Jorge Seif Junior destacou o combate à pesca clandestina da lagosta. “O Ceará é um Estado que tem um potencial muito maior. Se cuidarmos das espécies juvenis, da procriação da lagosta sem capturar as espécies ovadas e respeitar o defeso, teremos uma maior produtividade”, disse.
Em 2018, o Estado exportou US$ 62,5 milhões de Peixes e crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia, referente a 6,7 mil toneladas, ficando atrás apenas do Estado do Pará, que exportou US$ 62,8 milhões (8,3 mil toneladas). Com o resultado, o Ceará apresentou um crescimento de 14,2% no valor exportado e de 40,4% no volume em toneladas, o que representou 25% da exportação nacional de pescados.
No entanto, segundo o diretor do Sindicato das Indústrias de Frio e Pesca do Ceará (Sindfrio), Paulo Gonçalves, o resultado nas exportações poderia ter sido ainda melhor se houvesse contêineres refrigerados disponíveis para atender à demanda, o que acabou limitando o envio de pescados na última semana de 2018. “O consumo e a exportação de pescados no País pode aumentar bastante e isso beneficia diretamente o Ceará. Precisamos de uma visão estratégica e profissional do setor pesqueiro, para aproveitar de forma sustentável nosso potencial”, disse Gonçalves.
No ano passado, os principais mercados consumidores de frutos do mar cearenses foram os Estados Unidos (US$ 34,7 mi), China (US$ 7 mi), Guatemala (US$ 4,9 mi), Austrália (US$ 4,6 mi) e Taiwan (US$ 3,8 mi). Ao todo, mais de 41 países compraram produtos cearenses.
Cuidados na exportação de itens perecíveis
Ferramenta essencial para garantir boa parte das exportações do Ceará, a logística aplicada a itens perecíveis como frutas e pescados garante a chegada e a reputação dos produtos cearenses no exterior.
“Esse mercado movimenta milhões de dólares todos os anos. Então tudo o que puder ser feito para garantir a qualidade na entrega, tentando minimizar ao máximo os custos, será feito. Esse é o papel dos despachantes aduaneiros. No atual contexto de competitividade dos mercados, não é possível elaborar uma análise simplista que resulte em operações de risco para os clientes”, ressalta o diretor do Grupo FTrade, Zakaria Benzaama.
A empresa realiza exportações de alimentos perecíveis, como frutas e carnes congeladas, há 13 anos, e decidiu investir em vários tipos de deslocamentos de cargas, como terrestre, aéreo e de cabotagem, para ganhar mais espaço no mercado. No ano passado, a empresa transportou cerca de 26 mil contêineres só de frutas do Norte e do Nordeste para outros países. Os cuidados nesses transportes são, basicamente, com três tipos de deterioração: biológica/química e/ou físicas. Qualquer uma delas pode prejudicar a qualidade do produto para o comércio exterior, que segue critérios rigorosos para a entrada em outros países.
“Hoje em dia, para se exportar um contêiner para a Europa, o custo aproximado, incluindo frete em dólar, é em torno de R$ 25 mil”, revela.
Sobre os investimentos em tecnologia para chegar a outros países, Benzaama declara que a empresa consegue aumentar em até 10% o lucro por transporte se o produto estiver com bom aspecto. “Se o produto tem boa coloração, você reduz custos no armazenamento, no combustível e principalmente na recepção que os importadores terão desse alimento”, declara.
Fonte: Diário do Nordeste