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Moradores lamentam abandono de ferrovias na região de Sorocaba

O crescimento de boa parte do interior paulista teve contribuição das ferrovias. Os trens eram o principal meio de transporte, tanto de passageiros como de grandes cargas. No entanto, os trilhos foram, aos poucos, deixando de ser usados e praticamente estão abandonados.

Na estação George Oetterer, em Iperó (SP), a ferrovia que está interligada com a estrada de ferro sorocabana fez parte da história da família do pesquisador e jornalista Hugo Augusto Rodrigues. O avô e o pai dele foram ferroviários.

O mato esconde a história de uma das estações mais importantes do estado. Na década de 60, o cenário era bem diferente. Quase 40 mil pessoas embarcavam e desembarcavam todo ano. O movimento de transporte de cargas também era grande, com cerca de 70 mil toneladas ao ano.

Os números estão no relatório anual de trabalho da antiga Estrada de Ferro Sorocabana. Um documento de 1967 mostra que foram transportadas quase 500 mil toneladas de mercadorias pelos seis mil quilômetros de ferrovia que cortavam o estado.

O café e o cimento estavam entre as maiores cargas. O aposentado Adeodato Honório era um dos muitos funcionários do armazém do Instituto Brasileiro do Café e ajudou a carregar e descarregar muitos vagões que chegavam ou partiam até para outros países.

O local já estava no trajeto dos vagões desde o século XIX, mas o maior movimento foi a partir de 1960.

Patrimônio
Há cinco anos, o prédio da estação central de Iperó virou patrimônio histórico da cidade. A restauração demorou dois anos e a antiga estação ficou exatamente como era há 89 anos.

A TV TEM entrou em contato com os órgãos responsáveis pela ferrovia para saber o motivo do abandono. Em nota, a prefeitura da cidade disse que o prédio faz parte da área férrea e é de responsabilidade da empresa Rumo.

A Rumo afirmou que a construção não faz parte do contrato de concessão e que quem cuida do espaço é a Secretaria do Patrimônio da União. A SPU alega que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte teria que preservar a área.

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que fiscaliza os contratos de concessão, confirmou que a estação foi retirada do contrato feito com a Rumo e afirmou também que o prédio é de responsabilidade do DNIT.

O DNIT também transferiu o problema e disse que não recebeu nenhuma documentação do prédio e que, portanto, não sabe dizer se o imóvel faz parte da reserva.

O Condephaat e o Iphan – órgãos estadual e nacional de defesa do patrimônio histórico – também afirmaram que não há nenhum processo de tombamento do prédio em andamento. Enquanto isso, o abandono da área continua.

Fonte: TV TEM

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