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Os novos reatores modulares poderão aumentar a geração de energia nuclear no País nos próximos anos

Projeto Perspectivas 2023 traz uma participação muito especial do Professor Nivalde de Castro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), um professor conhecedor do nosso Programa Nuclear brasileiro, membro e coordenador do GESEL, o Grupo de Estudos do Setor Elétrico. A experiência que adquiriu através de todos esses anos faz dele mais do que um professor, mais uma referência internacional para o setor. Nesta entrevista, ele fala sore a realidade do programa nuclear do país, das oportunidades, das nossas potencialidades e também do uso da nova tecnologia do reatores modulares do futuro e o que poderá acontecer nos próximos anos. Vamos, então, saber o que o Professor Nivalde pensa sobre as atividades de geração nuclear no país:

– Como o senhor  está vendo o momento nuclear no Brasil ?

– Estou vendo de forma positiva, na medida em que nos últimos anos houve um esforço grande no sentido de qualificar a política nuclear brasileira como uma política de Estado.  Isso é muito importante, já que este é um setor de capital intensivo, com pouco prazo de maturação e algumas mudanças expressivas em curso.

Algumas dessas medidas incluem a tentativa formal e legal da flexibilização do monopólio para exploração de minérios; os registros dos estudos no PDE 2050 e do PDE 2030 em relação à construção de usinas nucleares; a retomada de Angra 3; e o rearranjo institucional  da Eletronuclear, agora dentro de uma empresa pública. Então, isso é um cenário positivo e avaliamos que o novo governo, que pelo seu histórico de planejamento, política energética e de política pública, lá no começo do século XXI, indica a consolidação dessa base do setor nuclear. 

–  E sobre a construção de Angra 3 ?

– A retomada das obras de Angra 3 reafirma esse compromisso de manter e acelerar o desenvolvimento da energia nuclear  brasileira, contribuindo assim para a reconstrução da cadeia produtiva nuclear. Isso é muito importante para um país em desenvolvimento e nesse cenário de   transição energética, no qual a energia nuclear volta ao cenário do planejamento. Em suma, eu acho que é muito importante esse movimento de recomeçar Angra 3, como parte da retomada da energia nuclear no Brasil

– Como o senhor está vendo o avanço dos SMRs e as perspectivas já para 2023?

– Em primeiro lugar, essa tecnologia é disruptiva e ainda está sem uma rota tecnológica definida. Este é um ponto importante. Segundo, acho que essa tecnologia veio para ficar porque apresenta inúmeras vantagens em relação às grandes usinas. A primeira grande vantagem é o comprometimento de capital. Depois, surge a questão da segurança. Sempre há um medo ao construir uma grande usina nuclear, agora mais ainda com estas questões da Ucrânia. No entanto, com o pequeno reator, a instalação é muito mais fácil e não precisa de tanta água. Isso abre uma possibilidade muito grande para desenvolver uma cadeia produtiva, como se fosse uma linha de montagem.

Portanto, será uma grande vantagem notadamente para o Brasil – que já tem uma cadeia produtiva, tem uma reserva de urânio, sabe enriquecer urânio, e que tem uma demanda de crescimento muito grande. Os pequenos reatores poderiam servir bastante para reduzir os investimentos em linhas de transmissão e suportar melhor a questão da intermitência das usinas eólicas e solar. Eu acho que essa tecnologia vem para ficar, embora esteja ainda subordinada ao monopólio de Estado. Acho mais fácil encontrarmos mecanismos legais para atrair investidores para dar flexibilidade e atrair investidores. 

Nós vemos esses pequenos reatores como uma grande possibilidade de desenvolvimento. O Brasil precisa preparar-se previamente, estabelecendo marcos regulatórios, porque a rota tecnológica ainda não está definida.

 

 

 

Fonte: Petro Notícias

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