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Postado em 13 de julho de 2022 | 17:01

Estudo indica que América Latina pode se tornar potência global em energias renováveis

Um estudo feito pela Siemens Energy e a consultoria Roland Berger, com cerca de 530 executivos formuladores de políticas e representantes governamentais do setor de energia na América Latina apontando as prioridades energéticas predefinidas, mostrou que a região tem uma grande oportunidade de se tornar potência global em energias renováveis.

No topo das prioridades está acelerar a expansão das energias renováveis para alcançar as metas climáticas de zerar as emissões de gases de efeito estufa até 2050. Isto porque a tecnologia já é bem avançada, os custos são cada vez mais competitivos e a maioria dos países possui fontes de energia eólica e solar abundantes e de alta qualidade, fatos que contribuem para desenvolver um papel central de exportador de energia verde, particularmente o hidrogênio.

Entretanto há um longo caminho pela frente. O relatório agrupou as respostas dos especialistas para 12 principais prioridades, ou seja, a prontidão. Em uma escala que vai de 0 a 100%, a América Latina obteve 22% no Índice de Prontidão. Isso indica que, embora a região tenha uma base sólida para ampliar sua influência na transição energética global, precisará criar melhores condições adequadas para isso, alcançando maior integração regional e priorizando as exportações de energia limpa.

A pesquisa foi desenvolvida na segunda Latin America Energy Week, organizada pela Siemens Energy.

Em entrevista exclusiva ao Valor, o vice-presidente sênior para o hub América Latina da Siemens Energy, André Clark, explica que o desenvolvimento regional ainda é elementar e que todo este potencial precisa de um arcabouço regulatório mais robusto a fim de dar melhor direcionamento aos investimentos.

“A América Latina apresenta grande potencial. Já começou a seguir, mas o caminho é muito longo. Muita coisa precisa ser posta em prática, como a regulação em especial e uma política de expansão de renováveis”, diz o executivo.

Os dados mostram que os tomadores de decisão reconhecem que houve importante progresso em geração de energia, mas a capacidade instalada para energia solar e eólica ainda deixa espaço para uma implementação mais ampla no futuro.

“É quase unânime que há muita oportunidade para a América Latina jogar este jogo da transição energética global. Todos os especialistas, governos e empresas concordam, mas olhando mais a fundo para entender em que estágio estamos, percebemos que há uma heterogeneidade de país para país a começar de como é regulado o mercado”, explica Clark.

Neste contexto, apesar de a América Latina contribuir pouco para as mudanças climáticas, apenas 5% das emissões globais de CO2 em 2020, as emissões cresceram cerca de 20% entre 2005 e 2019, impulsionadas pela expansão econômica e aumento da demanda de energia, o que revela uma contradição regional no tabuleiro de mudanças climáticas.

O executivo entende isso como uma grande oportunidade de negócios para as empresas, já que a região pode reduzir sua pegada climática e oferecer projetos de energia limpa que o mundo quer investir. Clark reconhece, todavia, que tais discrepâncias dificultam o avanço da região, mas o tema da segurança energética é algo sensível entre os governos.

“O mundo quer investir em renováveis, energia verde e transição energética. Somos bons nesse negócio, mas estamos começando em termos de reformar nossos mercados e as agências reguladoras. O Brasil mesmo, um grande expoente da região, tem uma reforma muito potente no congresso”, diz o executivo se referindo ao Projeto de Lei 414, que prevê a modernização do setor elétrico.

O sócio diretor da Roland Berger, Jorge Pereira da Costa, converge nesta ideia de há uma grande oportunidade colocada. O dirigente explica que a capacidade dos mercados internos latinoamericanos absorverem todo o potencial de geração de energia que têm é muito baixa, o que coloca a região como um grande hub de exportação de renováveis.

“A América latina tem condições muito particulares, favoráveis e com custos muito competitivos para energias renováveis, particularmente no Brasil, Chile e costa leste do pacífico. O problema que se coloca aqui é que à medida que se adota estas energias, você tem problemas de estabilidade elétrica da rede (…). Só vamos resolver este problema do ponto de vista de geração através do armazenamento de energia”, afirma.

Esta união entre soluções energéticas apontada por Costa também foi captada no estudo, que ressalta a importância da integração das energias renováveis com soluções de armazenamento e baterias, além da necessidade de descarbonização e ganhos de eficiência energética no setor industrial.

 

 

Fonte: Valor


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