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Seagems se prepara para iniciar contratos com a Petrobrás e olha para novas oportunidades de negócios

A Seagems (antiga Sapura Navegação), empresa brasileira especializada em soluções de engenharia submarina, comemorou recentemente o seu aniversário de 10 anos de atuação e os resultados alcançados até aqui. Dona de uma fatia de 36% do mercado nacional de projetos de interligação e manuseio de dutos flexíveis submarinos, a companhia agora se prepara para entrar em novos desafios.

Em uma de suas frentes de trabalho, a Seagems está prestes a iniciar novos contratos para afretamento de embarcações PLSV (especializadas no lançamento de linhas flexíveis) para a Petrobrás. “O [navio] Jade entrará em operação em breve, seguido pelo Esmeralda no final deste ano. No começo de 2025, teremos o início dos contratos dos navios Diamante, Topázio e Rubi”, afirmou o CEO da empresa, Rogerio Salbego, nosso entrevistado desta terça-feira (9). Já o navio Ônix está previsto para começar o contrato só na segunda metade do próximo ano. Mas para além do afretamento de embarcações PLSV, a Seagems olha para novos negócios, buscando diversificar sua atuação. “Acredito que as oportunidades estão surgindo e estamos observando de perto o segmento de descomissionamento. Está havendo um crescimento significativo em vários projetos nessa área e a Seagems está atenta a isso”, contou Salbego.

O executivo detalha ainda que a empresa estuda a possibilidade de participar de projetos de energias renováveis. “Temos realizado estudos nesse sentido e estamos atentos para o momento em que essa oportunidade surgir”, disse. Por fim, o entrevistado revela que existe um desejo dos acionistas da Seagems em continuar investindo no Brasil, desde que as condições sejam favoráveis. “Seria prematuro afirmar que vamos investir em um novo navio ou aumentar a frota, mas, se as condições ideais se apresentarem, certamente consideraremos essas oportunidades com muita atenção”, concluiu.

Para começar nossa entrevista, acho que seria interessante ouvir um relato sobre esse marco importante da empresa, que está comemorando 10 anos de existência.

Estou na companhia desde o seu início. É sempre gratificante olhar para o passado, fazer essa retrospectiva e reconhecer que essa trajetória representa uma oportunidade única na vida de qualquer profissional. Estou aqui desde os primeiros contratos com a Petrobrás, passando pela fase de construção dos navios, até conseguir, ao longo desses 10 anos, construir uma reputação que nos coloca entre os principais players do mercado de engenharia e instalação submarina.

Somos uma empresa que sempre levou muito a sério as questões de desempenho, eficiência operacional e valorização de funcionários. Figuramos entre as principais companhias de grande porte do Rio de Janeiro há seis anos consecutivos. Isso é muito positivo. Cerca de 54% da nossa força de trabalho, composta por mais de 1.000 funcionários, está conosco há mais de cinco anos. Isso nos proporciona muita segurança para investir em capacitação profissional, informação e valorização dos nossos colaboradores. 

Gostaria de ouvir também um pouco sobre as motivações que levaram aos recentes movimentos de reposicionamento de marca e reestruturação da companhia.

A mudança de nome ocorreu como uma estratégia para dissolver uma confusão anterior entre os nomes Sapura Energy [acionista da Seagems] e Sapura Navegação [nome anterior da Seagems]. Adicionalmente, aproveitando o contexto dos 10 anos, decidimos criar uma identidade própria e estabelecer uma separação clara entre dois segmentos específicos: a Seagems Offshore, responsável pelos nossos contratos de longo prazo e embarcações; e a Seagems Solutions, que visa explorar um novo segmento onde podemos aplicar nossa expertise e histórico de sucesso para atuar como um prestador de serviços especializados, ainda que no segmento de engenharia e instalação submarina, mas num modelo mais asset light, em parcerias com outras empresas e armadores.

Atualmente, toda nossa frota está comprometida com contratos de longo prazo com a Petrobrás, no âmbito da Seagems Offshore, que continuará focada nesses acordos. Enquanto isso, a Seagems Solutions está posicionada para capturar novas oportunidades.

Nossa intenção é estabelecer parcerias estratégicas com outras empresas, armadores e até mesmo com nosso acionista – como é o caso do projeto de Atlanta, na Bacia de Santos, onde a Seagems colabora com a Sapura Energy na execução de serviços de interligação offshore para o campo. Em resumo, nossa estratégia inicial de expansão visa diversificar nosso portfólio, explorar o descomissionamento e outras oportunidades que possam complementar nosso backlog atual.

De que forma a companhia olha para uma possível expansão de atuação?

Acredito que as oportunidades estão surgindo e estamos observando de perto o segmento de descomissionamento. Está havendo um crescimento significativo em vários projetos nessa área e a Seagems está atenta a isso. Vemos essa atividade como complementar ao nosso portfólio atual e como uma forma de expandir nossos negócios.

Temos a expectativa de ver a Sapura Energy assumindo o papel de principal contratada em projetos do tipo, sendo responsável pela remoção de superestruturas, enquanto a Seagems ficaria concentrada em tudo relacionado ao subsea, incluindo a campanha de remoção de estruturas submarinas. Em algum momento, precisaremos estabelecer uma parceria para uma base onshore, essencial para o descarte final das estruturas. É um projeto bastante amplo e estamos ainda modelando como vai ser esse regime de contratação.

Quais são as perspectivas da companhia com o setor de óleo e gás do Brasil?

Existem alguns indicadores que apontam um futuro bastante promissor para nós. Um deles é a atividade de perfuração. Quando o segmento de perfuração está aquecido e com alta demanda, isso indica que a nossa atividade – de interligação de FPSOs – também será requisitada. Outro fator crucial é a carteira de contratação de FPSOs, ou seja, quantas plataformas entrarão em operação nos próximos anos. Tudo indica, de acordo com os planos de negócios da Petrobrás e seus parceiros, que teremos alguns anos muito promissores pela frente.

Além disso, estou otimista com o discurso e a postura da nova presidente da Petrobrás, Magda Chambriard, que já mencionou a intenção de explorar novas fronteiras exploratórias, como a Margem Equatorial e a Bacia de Pelotas. Isso nos traz segurança ao afirmar que nossa atividade terá certa perenidade e continuará promissora nos próximos anos.

A Seagems também está monitorando oportunidades relacionadas à transição energética?

Percebo que a questão da transição energética mudou a perspectiva de encerrar a exploração de óleo e focar apenas em energias renováveis. Hoje, faz muito mais sentido considerar que a indústria de óleo e gás é um veículo de transição. É essa indústria que possibilitará a transformação na matriz energética. Isso também nos traz muita confiança ao afirmar que temos um futuro promissor pela frente. 

Com pequenas modificações em nossos navios, podemos realizar interligações subsea entre parques eólicos offshore, além de lançamentos de cabos de fibra ótica e outras atividades relacionadas. Hoje, estamos preparados para atender a essas demandas com um investimento relativamente baixo em modificações em nossas embarcações. Temos realizado estudos nesse sentido e estamos atentos para o momento em que essa oportunidade surgir. É difícil prever quando isso acontecerá e quando o primeiro projeto será iniciado, mas estaremos preparados quando esse momento chegar.

A Seagems anunciou recentemente uma série de novos contratos com a Petrobrás. Pode nos atualizar em relação ao cronograma de entrada dessas embarcações?

Temos um backlog de US$ 1,8 bilhão com esses novos contratos. Eles serão implementados sequencialmente, à medida que os contratos atuais forem encerrados. O Sapura Jade entrará em operação em breve, seguido pelo Esmeralda no final deste ano. No começo de 2025, teremos o início dos contratos dos navios Diamante, Topázio e Rubi. E, por fim, na metade do próximo ano, será a vez do Ônix. É importante destacar que essa continuidade sem gaps entre os contratos é muito positiva para o fluxo de caixa e o cronograma financeiro da empresa. Essa nova leva de contratos com a Petrobrás foi extremamente benéfica nesse sentido, garantindo estabilidade e tranquilidade para a Seagems. 

Por fim, existem planos de longo prazo para a realização de novos investimentos em expansão de frota?

Percebemos uma disposição dos nossos acionistas em continuar investindo, desde que as condições sejam favoráveis. Seria prematuro afirmar que vamos investir em um novo navio ou aumentar a frota, mas, se as condições ideais se apresentarem, certamente consideraremos essas oportunidades com muita atenção. Existe um discurso interno de que, se surgir a oportunidade, vamos analisar essa possibilidade com cuidado.

Adiantando, não sei se isso significaria o esforço de construir uma nova embarcação no Brasil novamente, como foi o caso do Sapura Esmeralda. As condições ainda não estão favoráveis para isso. Talvez, em um momento posterior, quando houver uma maior recuperação da indústria naval e mais incentivos via FMM [Fundo da Marinha Mercante], BNDES e Banco do Brasil, essa possibilidade possa ser reconsiderada.

 

 

 

Fonte: Petro Notícias