Rússia diz que guerra de preços do petróleo com EUA seria custosa
A Rússia não deve desencadear uma guerra de preços do petróleo contra os Estados Unidos, mas sim continuar com os cortes na produção, mesmo sob o risco de perda de participação de mercado no médio prazo, disse um dos principais arquitetos russos do pacto de oferta com a Opep.
Desde 2017, a Rússia e a Opep reduziram a produção de petróleo em conjunto pela primeira vez em um esforço para aumentar o preço da commodity. Na sequência do pacto de fornecimento, o petróleo foi negociado entre cerca de 60 e 85 dólares por barril, ante um patamar abaixo de 30 dólares antes do acordo entrar em vigor.
“Para a produção de ‘shale’ dos EUA cair, você precisa dos preços do petróleo a 40 dólares por barril ou menos. Isso não é saudável para a economia russa”, disse Kirill Dmitriev, diretor do Fundo de Investimento Direto russo.
“Não devemos tomar medidas competitivas para destruir a produção de shale dos EUA”, disse Dmitriev, falando no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.
Há três anos em Davos, Dmitriev tornou-se o primeiro oficial russo a mencionar publicamente a possibilidade de um pacto de fornecimento com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo. Naquela época, os preços do petróleo entraram em colapso depois que a Arábia Saudita, líder da Opep, elevou a produção para prejudicar os produtores norte-americanos, que têm custos maiores.
O aumento dos preços graças aos cortes na produção trouxe cerca de 110 bilhões de dólares em receitas adicionais para a Rússia, disse Dmitriev.
No entanto, os preços mais altos do petróleo também ajudaram os Estados Unidos, que não estão participando dos cortes na oferta. A produção do país disparou, ultrapassando a da Rússia e da Arábia Saudita e tornando os EUA os maiores produtores mundiais de líquidos de petróleo.
Fonte: Reuters