Nova lei do biodiesel na Argentina deve impactar preços globais do óleo de soja
As exportações de óleo de soja da Argentina provavelmente irão aumentar, derrubando os preços internacionais do produto, devido a uma nova lei do país, que reduz o volume de biodiesel à base de óleo de soja misturado ao diesel comum vendido localmente, afirmaram representantes da indústria nesta segunda-feira.
Parlamentares da Argentina, maior exportadora de óleo de soja do mundo, aprovaram na semana passada uma medida que permite a redução na quantidade de biocombustível à base de soja a ser misturado ao diesel de consumo doméstico.
A medida, apoiada pelo presidente Alberto Fernández, deve ser sancionada antes do final do mês.
“A redução do volume de biodiesel utilizado nos combustíveis localmente vai diminuir o consumo de óleo de soja na Argentina. Então teremos mais óleo de soja para ser exportado. Isso pode impactar os preços internacionais, considerando a grande parcela do mercado internacional que a Argentina possui”, afirmou Gustavo Idígoras, chefe da câmara de agroexportadores CIARA-CEC.
A Argentina embarcou 5,36 milhões de toneladas de óleo de soja no ano passado, de acordo com dados do governo. A Índia foi a principal compradora, recebendo 53,4% das vendas.
China e Bangladesh vieram na sequência, com 7,8% e 7,6% do total, respectivamente.
A nova lei, que visa garantir o uso sustentável de biocombustíveis no diesel e na gasolina, foi aprovada pelo Senado na sexta-feira, após também passar pela Câmara dos Deputados.
A medida prevê um uso mínimo de biodiesel de 5% –que pode cair para 3% no diesel vendido à população, ante 10% anteriormente.
“Reduzir a mistura na Argentina significa aumentar a exportação de óleo de soja”, disse Luis Zubizarreta, presidente da câmara da indústria de biocombustíveis Carbio. Ele ressaltou que isso pode pressionar as cotações do óleo de soja argentino.
Com a mistura de 10%, a Argentina consumia cerca de 1 milhão de toneladas de biodiesel por ano para mistura ao diesel.
Com a nova medida, esse volume deve ser reduzido pela metade, afirmou Zubizarreta.
Fonte: Reuters