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Hidrogênio verde e usina eólica no mar atraem a atenção

A busca por redução de emissões de carbono tem levado empresas a apostar em fontes de energia que estão na fronteira tecnológica. Entre as novas fontes energéticas despontam a eólica offshore e o chamado hidrogênio verde, que vêm atraindo pesos pesados do setor como a francesa Engie e a petrolífera anglo-holandesa Shell.

“O hidrogênio verde é a pauta da transição energética”, afirma Rui Altieri, presidente da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que planeja lançar ainda este ano uma certificação para garantir que o hidrogênio seja realmente verde. Hoje, o hidrogênio já é utilizado, mas é produzido a partir de combustível fóssil, gerando emissão de CO2.

A versão verde deve ser obtida a partir de fontes de energia renováveis, como eólica, solar e hídrica. O processo mais pesquisado hoje para produção em escala industrial é por meio da eletrólise, que consiste na passagem de uma corrente elétrica pela água para separar o oxigênio do hidrogênio. É justamente a elevada demanda elétrica para fazer a eletrólise um dos desafios no caminho do hidrogênio verde.

Além de aspectos técnicos, o hidrogênio verde enfrenta desafios como falta de escala e custos. Mas em meio a uma crise energética global, que ganhou impulso com a guerra entre Rússia e Ucrânia, a busca pelo hidrogênio verde ganha força por também se encaixar no tema da descarbonização contra mudanças climáticas. “Precisamos zerar as emissões até 2050, esse é o compromisso das nações que firmaram o Acordo de Paris em 2015”, afirma Paulo Alvarenga, CEO da Thyssenkrupp, que tem projetos de plantas de hidrogênio verde em Roterdã e Arábia Saudita.

No Brasil, a Engie possui um memorando de entendimentos assinado com o governo do Ceará para tocar um projeto em uma planta de eletrólise na área do porto de Pecém, com capacidade entre 100 MW e 150 MW. O tamanho da carga elétrica indica a quantidade de energia que vai ser aplicada para quebrar a molécula de água e liberar o hidrogênio. CEO da Engie no Brasil, Maurício Stolle Bähr afirma que o grupo tem o objetivo de desenvolver 4 GW de capacidade instalada de hidrogênio verde até 2030, e que o Brasil pode contribuir com pelo menos 1 GW.

A Shell também vislumbra o potencial do hidrogênio verde dentro de sua estratégia de transição para uma economia de baixo carbono. Fechou acordo com o Porto do Açu (RJ), para a construção de uma planta-piloto. A unidade tem conclusão prevista para 2025 e terá capacidade de 10 MW.

Essa primeira etapa do projeto vai consumir entre US$ 20 milhões e US$ 40 milhões em investimentos. Para garantir a fonte limpa, o porto vai comprar energia certificada. Uma parte do hidrogênio produzido será destinada a consumidores. O restante será usado na unidade local geradora de amônia.

O projeto se insere na estratégia da Shell de ampliar os investimentos em energia renovável, com objetivo de se tornar net zero até 2050. No curto prazo, foram estipulados investimentos de US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões em energias renováveis por ano, globalmente. O Brasil é um dos quatro destinos prioritários desses aportes.

Ao mesmo tempo, no início de 2022, a Shell entrou com pedido de licenciamento ambiental para projetos de eólica offshore para seis diferentes áreas no Nordeste, Sudeste e Sul do país, com um potencial de geração que poderá chegar até 17 GW, se todos os parques se viabilizarem. A expectativa é de que o primeiro projeto inicie suas operações por volta de 2030.

A Engie, por sua vez, firmou parceria com a portuguesa EDP e criou, em 2019, a joint-venture Ocean Winds para prospectar oportunidades de investimento em eólica no mar. E busca autorizações preliminares para cinco projetos que totalizam 15 GW distribuídos por Piauí, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Foram desenhados para profundidades inferiores a 70 metros.

“O desenvolvimento dos projetos é uma oportunidade para atender à crescente demanda de energia no país, diversificar a matriz energética e atender nossas metas globais de redução de emissões de carbono”, diz Bähr, lembrando que o grupo pretende se tornar carbono neutro em 2045. Os projetos no Brasil devem entrar em operação antes de 2030 e a empresa estima que os projetos poderão exigir aportes que seriam da ordem de R$ 13 bilhões a R$ 16 bilhões.

 

 

Fonte: Valor

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