Grife mineira exporta para mais de 20 países
Enquanto fazia a faculdade de direito, a mineira de Uberlândia Patrícia Bonaldi, 38, abriu uma loja, e a moda foi conquistando espaço. Quando viu, a atividade era muito mais a vida dela do que qualquer outra profissão.
“Para mim foi muito experimental. Aprendi fazendo. Mas acho que isso é um pouco do brasileiro. A gente é muito experimental. Depois eu me formei em moda, mas aí eu já exportava. Meu caminho foi inverso. Sou muito intuitiva, percebo as coisas no ar, e isso me ajudou muito. Faz parte não só saber fazer, mas também sentir”, explica Patrícia Bonaldi, diretora de estilo e fundadora da marca de mesmo nome em 2002. Hoje, após um rebranding (mudança de posicionamento da marca) com o nome de PatBO, a empresa reúne um mix de produtos – moda feminina de ateliê sob medida, beachwear, casual, além da marca Apartamento 03 – numa produção em números absolutos de 44.932 peças em 2018. A PatBO emprega atualmente 340 pessoas, com grande parte concentrada em Uberlândia, na sede da empresa, onde também está uma das fábricas da grife.
“O foco é em Minas, nosso maior número de pessoas empregadas é em Uberlândia”, explica. Sobre aumentar o volume de funcionários, Patrícia avalia que isso vai acontecer de acordo com a demanda. “Se o negócio crescer, é inevitável”, analisa. Exportação. A PatBO também tem unidades industriais em Belo Horizonte e São Paulo. Na capital paulista ainda se concentram as áreas de marketing e comercial.
Além disso, são seis lojas próprias no país e presença em cerca de 150 pontos de venda no Brasil. A exportação de produtos da grife mineira vai para mais de 20 países, mas o maior volume é para os EUA, onde a marca pode ser encontrada em grandes lojas de departamento, como Saks, Net-a Porter e Intermix. “O mercado dos EUA tem mais volume do que a Europa. É um mercado muito dinâmico, onde tem mais resultados”, conta.
Para a diretora de estilo, é importante aumentar a exportação da PatBO por muitas razões: “Estamos preparados, tem uma marca que as pessoas querem, e a empresa consegue ocupar espaço ao lado de outras grandes marcas”. Atualmente, 30% do faturamento da PatBO é resultado da exportação. “Já tem dois anos que abrimos a empresa nos EUA e, em mais dois ou três anos isso vai igualar ou superar o Brasil pelo tamanho do mercado”, compara a executiva. Aprendizado. Há nove anos, Patrícia Bonaldi criou uma escola de bordado e costura em Uberlândia (MG).
O objetivo é a preparação de mão de obra para a produção da PatBO, que passa por muitos processos manuais. Produção é 100% brasileira Num mercado inundado de itens vindos da China, toda etiqueta de peças PatBO ostenta três palavras cada vez mais escassas no segmento da indústria da confecção: “Feito no Brasil”.
Para a fundadora da marca mineira, Patrícia Bonaldi, o intuito da resistência na fabricação nacional está ancorado na conquista de espaço e na manutenção de empregos no Brasil. Para a empresária, essa é a mágica que é preciso ser feita diante de um cenário de tanta dificuldade para empreender e estar de pé no Brasil. “Nos Estados Unidos, os clientes sempre perguntam onde é feito, e quando falamos (no Brasil), as pessoas ficam encantadas, porque hoje é raro pegar um produto que não é feito na China. Nossa produção é 100% brasileira, nosso bordado é 100% brasileiro, e isso tem muito valor. Lá fora, uma coisa que é feita no Brasil tem muito mais valor do que uma coisa que é simplesmente feita em escala na China”, compara.
Patrícia explica que a diferença da sua roupa para outras confecções está baseada na existência de muita identidade. “As pessoas sabem que é da minha marca. Isso é o mais importante para uma marca: ser reconhecida pelo DNA, e isso a gente conquistou”, comemora. Para explicar o DNA da PatBO, Patrícia diz que ela é ousada, alegre, maximalista, mistura coisas que poucas pessoas poderiam misturar de um jeito muito legal, harmonioso. “A gente é essa mulher que não tem medo, não tem medo de ser ela mesma, que pode usar vermelho, que pode usar rosa, é uma mulher cheia de coragem, de autoestima. É uma mulher moderna”, define.
Fonte: O Tempo