Grandes grupos investem para expandir capacidade de etanol no Brasil, diz Unica
Grandes empresas que operam no setor sucroalcooleiro do Brasil estão investindo para expandir a capacidade de produção de etanol, devido à forte demanda local contínua e aos baixos preços globais do açúcar, disse um executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) nesta segunda-feira.
De acordo com Antonio de Padua Rodrigues, diretor-técnico da Unica, maior associação representante de empresas do setor no Brasil, grupos que controlam diversas plantas no país estão construindo novas instalações de destilação em algumas de suas localidades para que consigam produzir mais etanol no ano que vem.
Trata-se de um desenvolvimento semelhante ao ocorrido no ano passado, quando várias companhias, como Biosev e Usina Coruripe, investiram para expandir a capacidade de produção do biocombustível.
“Estou ciente dos planos de alguns grandes grupos”, Rodrigues disse a repórteres durante a Novacana Ethanol Conference 2019, evitando nomear as empresas envolvidas nos projetos por não estar em posição de falar por elas.
“Isso pode levar o mix de produção da próxima temporada a ter uma parcela ainda menor para o açúcar”, disse ele, referindo-se à estratégia de produção utilizada por usinas que são flexíveis em relação à quantidade de cana alocada para a produção de açúcar e etanol a cada ano, dependendo dos preços do mercado.
No ano passado, as usinas destinaram apenas 35% da cana para o açúcar, uma mínima histórica. Essa fatia pode cair ainda mais na atual temporada, de acordo com o último relatório de produção da Unica, que colocou o mix abaixo da marca de 35% com cerca de apenas um terço da safra ainda a ser processada.
O consumo de etanol registra crescimento pelo segundo ano consecutivo no Brasil, uma vez que o produto mantém uma grande vantagem de preço sobre a gasolina nas bombas.
A região Centro-Sul do Brasil produziu quase 10 milhões de toneladas de açúcar a menos no ano passado, e está a caminho de cortar outros 10 milhões de toneladas nesta temporada, ajudando a reduzir um superávit global que é visto como culpado pelos preços do adoçante terem atingido mínimas de uma década em 2019.
O Brasil iniciará em 2020 um novo programa para estimular o uso de biocombustível, chamado de RenovaBio, que pode fortalecer ainda mais a demanda local.
Fonte: Reuters