Entenda como o dólar a R$ 6 afeta papéis de Gerdau, CSN e Usiminas
Oferta maior que a demanda reduz o preço de commodities e de aços planos e longos ao redor do mundo.
O atual patamar do dólar – R$ 5,8545 no mercado à vista na última sexta-feira (15) – deve elevar os custos financeiros de empresas dos setores de siderurgia e mineração como Gerdau, CSN e Usiminas. Essa é a visão de José Francisco Cataldo Ferreira, estrategista de análise da Ágora Investimentos, ao comentar relatório divulgado na sexta-feira sobre companhias exportadoras. “A questão de todas essas empresas é a dívida que elas têm em moeda estrangeira”, diz.
Cataldo observa que por causa da crise causada pela pandemia de covid-19 ao redor do mundo, os preços das commodities estão baixos. “Tem muito mais oferta do que demanda e não se sabe quando a demanda vai retomar”, afirma o estrategista sobre as incertezas.
No caso a caso, de acordo com o relatório, cerca de 85% da dívida da Gerdau é em dólares americanos. “Com a paridade R$ 6 por US$ 1, esperamos que o múltiplo dívida líquida pelo Ebitda atinja 4,5 vezes em 2020, assumindo que não haja aumentos de preços até o final de 2020”, informa o texto assinado em conjunto por Cataldo e o analista Thiago Lofiego.
No caso da CSN, a principal preocupação dos analistas permanece do lado da alavancagem, já que aproximadamente 65% da dívida da CSN está atrelada ao dólar.
“A CSN tem cerca de R$ 3 bilhões em dívidas com vencimento em 2020. Com a paridade R$ 6 por US$ 1, estimamos que a dívida líquida pelo Ebitda da CSN possa atingir 5,2 vezes até o final de 2020”, diz o documento.
No exemplo de Usiminas, Cataldo lembra que a situação é mais acentuada, pois a fraqueza da atividade doméstica dificulta benefícios da depreciação do real.
“No lado da alavancagem, cerca de 60% da dívida da Usiminas está atrelada à moeda norte-americana. Com a paridade de R$ 6 por US$ 1, a dívida líquida pelo Ebitda no final de 2020 poderia superar 10 vezes”, afirma o texto do relatório.
A Ágora Investimentos calcula o preço-alvo para Gerdau (GGBR4) em R$ 10 por ação; de Usiminas (USIM5) em R$ 3,90 por ação; e de CSN (CSNA6) em R$ 6 por ação.
fonte: Estadão