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Dólar tem maior queda desde setembro e flerta com suporte técnico por exterior e Campos Neto

O dólar sofreu nesta sexta-feira a maior queda percentual diária em mais de seis semanas, de mais de 1%, com investidores realizando lucros depois de na véspera catapultarem a cotação de novo para perto do patamar psicológico de 4,20 reais.

O real teve o melhor desempenho entre as principais divisas nesta sessão. A queda do dólar foi expressiva a ponto de aproximar a cotação de um importante suporte técnico, que se deixado para trás poderia acionar novas ordens de venda de dólar e puxar a cotação ainda mais para baixo.

Segundo operadores, o mercado embolsou lucros nesta sessão depois de forte pressão de alta que colocou a moeda em patamares mais atrativos para venda.

Ajudaram nesse movimento declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, esclarecendo comentários da quinta-feira sobre possibilidade de compra de dólares. Na véspera, o dólar superou 4,18 reais após o presidente do BC comentar sobre chances de aquisições de moeda caso fluxos dos leilões do pré-sal gerem distorções no mercado.

Apesar de reconhecer que o real pode se apreciar com a entrada de recursos com a cessão onerosa e com programas de privatizações e de concessões, ele frisou que o câmbio é flutuante. “O que nós sempre dizemos é que o banco central faz intervenções em momento onde tem gap de liquidez, ou seja, tem ruptura de um processo contínuo”, afirmou.

Segundo Bruno Marques, gestor dos fundos multimercados da XP Asset, o câmbio parece “mais equilibrado” nos atuais níveis, mas de toda forma deve agora começar a antecipar o fluxo dos leilões da cessão onerosa, com potencial fluxo estrangeiro, o que pode jogar a favor de algum alívio adicional no dólar.

As áreas em oferta no leilão de 6 de novembro juntas somam um bônus de assinatura total fixo de cerca de 106,5 bilhões de reais.

JUROS BAIXOS
Com a baixa desta sessão, o dólar passou a acumular queda de 0,87% em outubro, mas em 2019 ainda sobe cerca de 6,2%. Como motivo para essa alta, analistas citam a escassez de fluxo em parte pela falta de estímulo a operações com o real devido à queda do diferencial de juros a mínimas históricas, na esteira do recuo da Selic também a pisos recordes.

A chance de mais quedas dos juros e a expectativa de que se mantenham em patamares mínimos são elementos que devem limitar qualquer apreciação mais consistente do real, segundo Marques, da XP Asset, pelo menos até uma recuperação mais visível da atividade econômica.

“A taxa de câmbio vai se ajustar as expectativas em relação ao conjunto de fundamentos domésticos e externos. E o BC (Banco Central) vai calibrar os juros levando em conta estes efeitos na inflação”, disse Marcos Mollica, gestor no Opportunity.

No mercado à vista do Brasil, o dólar fechou esta sexta-feira em queda de 1,22%, a 4,1193 reais na venda.

É a maior queda diária desde 4 de setembro (-1,79%). O patamar é o mais baixo desde a sexta-feira da semana passada (4,0954 reais na venda).

Na B3, onde os negócios com dólar futuro vão até as 18h, o contrato de dólar de maior liquidez cedia 1,15% às 17h29, a 4,1195 reais.

Na mínima do dia, o dólar spot bateu 4,1112 reais na venda, em baixa de 1,41%. Com isso, ficou a menos de 1 centavo da média móvel linear de 50 dias (4,1051 reais na venda).

Em 4 de outubro, esse suporte técnico chegou a ser rompido, mas de maneira tímida, e na sessão seguinte o dólar retomou a alta. Na ocasião, o fracasso na tentativa de cair, de forma consistente, abaixo desse nível técnico acabou atraindo compras do mercado, o que impulsionou o dólar e aproximou a moeda novamente do patamar psicológico de 4,20 reais.

Mesmo com o alívio desta sexta, o dólar à vista apenas conseguiu reduzir a alta da semana, que ficou em 0,58%, na segunda semana consecutiva de valorização. E a volatilidade implícita de três meses de opções de dólar/real —uma medida da incerteza sobre o rumo da taxa de câmbio— subiu a 12,625% nesta sessão, máxima em quase um mês, indicação de que o cenário para o câmbio segue instável.

No exterior, o dólar recuava 0,34% contra uma cesta de moedas, atingindo os menores níveis desde 23 de agosto, puxado pela valorização do euro e da libra, beneficiadas pela expectativas de aprovação, pelo Parlamento britânico, de acordo para o Brexit já acertado entre o Reino Unido e a União Europeia (UE).

Fonte: Reuters

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