Cemig amplia fatia na Renova e fará oferta por papéis restantes
A elétrica mineira Cemig informou que fechou contrato para ampliar sua fatia na Renova Energia, empresa de geração limpa na qual é sócia, com uma previsão ainda de lançar uma oferta pública para a aquisição das demais ações da companhia em circulação.
O movimento, anunciado na noite de quinta-feira em fato relevante, fez as ações da empresa dispararem mais de 50 por cento.
Simultanemente, a Cemig disse também na nota que a Renova aprovou a venda de seu complexo eólico Alto Sertão III para a AES Tietê, sem informar valores envolvidos na negociação.
As ações da Renova operavam em alta de 51 por cento por volta das 13:45 desta sexta-feira, contra recuo de 2,94 por cento no índice Ibovespa.
Antes dos anúncios desta semana, a Renova já havia recusado uma oferta da canadense Brookfield e da própria AES Tietê pelo parque eólico Alto Sertão III.
A venda do parque, principal ativo da Renova, cuja construção está parada há anos por falta de recursos, é vista como fundamental para viabilizar uma necessária reestruturação da empresa de energia limpa, que enfrentou pesados prejuízos nos últimos anos.
A Renova tem enfrentado dificuldades financeiras desde o fracasso de uma associação à norte-americana SunEdison no final de 2015, o que levou a Cemig a avaliar diversas alternativas para a companhia, incluindo sua venda —a empresa foi colocada no plano de desinvestimentos da estatal mineira.
Após a venda de Alto Sertão III, no entanto, a Cemig afirmou que seguirá buscando reestruturar a Renova Energia.
“Vamos sanear a empresa para que ela volte a participar de forma competitiva de certames de energia renovável e retome a liderança em geração de energia eólica no país”, disse em nota o diretor de Gestão de Participações da Cemig, Daniel Faria Costa.
DETALHES
De acordo com o comunicado, a unidade de geração e transmissão da Cemig (Cemig GT) e sua controlada Light selaram contrato para comprar 6,6 milhões de ações ordinárias e 644,1 mil ações preferenciais da Renova detidas pelo CG I Fundo de Investimento.
Os papéis serão adquiridos na proporção de 67,85 por cento por Cemig GT e 32,15 por cento pela Light, com a CG I recebendo como contrapartida títulos de valores mobiliários subscritos pelas empresas que corresponderão ao valor nominal de 14,68 reais por ação de emissão da Renova.
O Conselho de Administração da Cemig GT ainda aprovou que a empresa e a Light realizem uma oferta pública de aquisição de ações “em que será oferecido aos acionistas da Renova tratamento igualitário àquele conferido à CG I”.
Entre os acionistas minoritários da Renova está o braço de investimentos em participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESPar), que poderá se manifestar sobre o exercício ou não do direito de venda conjunta de suas ações (tag along).
DÍVIDAS
Em paralelo, o conselho de administração da Renova aprovou o reperfilamento de dívidas com os bancos Citibank e BTG Pactual e junto à própria Cemig GT e à Light Comercializadora.
As dívidas com Cemig e Light, de 768 milhões de reais e 253 milhões de reais, deverão ser reperfiladas por meio de títulos de dívida de emissão da Renova nos valores de 298 milhões de reais e 723 milhões de reais, com prazo de 6 anos para pagamento.
Já os débitos com Citibank e BTG Pactual, de 176 milhões e 179 milhões, respectivamente, serão renegociados por meio de emissões da companhia nos mesmos valores, com prazo de seis anos e um ano de carência.
Fonte: Reuters