Arábia Saudita decide investir US$ 10 bi no Brasil, dizem ministros
Os ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, anunciaram que a Arábia Saudita, por meio de um fundo público, decidiu investir 10 bilhões de dólares no Brasil.
Em entrevista coletiva após uma rodada de conversas com autoridades e investidores sauditas, Onyx disse que o governo brasileiro vai organizar um conselho de cooperação com a participação dos dois países, juntamente com a iniciativa privada, para fazer a definição sobre quais áreas receberão esses recursos.
O ministro da Casa Civil disse esperar que em 2 a 3 semanas o conselho esteja pronto e que esses investimentos sauditas possam começar a ingressar no país no próximo ano.
Ele citou que esses recursos poderiam, por exemplo, servir para a construção da Ferrogrão, ferrovia com mil quilômetros de extensão que liga Mato Grosso ao Pará, ao custo de 3 bilhões de dólares. Esse empreendimento poderia servir para escoar a produção de soja e outros insumos do centro-oeste brasileiro para exportação.
“Ao longo da última década, não teve nada parecido com isso”, disse Onyx, para quem esse fundo é uma “confirmação gigantesca” da retomada da confiança externa no país. Segundo ele, Japão e China demonstraram entusiasmo com as perspectivas do país.
O chanceler disse que o fundo talvez seja o resultado mais concreto do giro internacional que a comitiva liderada pelo presidente Jair Bolsonaro faz. Para ele, isso o anúncio vai gerar uma dinâmica de investimentos no país.
Questionado sobre o respeito aos direitos humanos na Arábia Saudita, alvo de frequentes críticas internacionais, Ernesto Araújo disse que o país é importantíssimo para a estabilidade da região e tem feito um esforço extraordinário de abertura e liberalização.
“Nos sentimos muito bem de ter uma relação com um país importante dessa região”, afirmou ele, após citar que a próxima presidência do G-20 —grupo das maiores economias mundiais— será da Arábia Saudita, que vai sediar o próximo encontro de cúpula da entidade.
O chanceler disse que não foi pedido pelo governo saudita qualquer tipo de contrapartida da gestão brasileira em relação à disputa entre o país e o Irã.
Araújo afirmou ainda que está sendo negociado um acordo de isenção recíproca de visto para brasileiros e sauditas.
Fonte: Reuters