Bolívia busca preços mais altos para venda de gás à Petrobras
A Bolívia disse nesta quarta-feira que está buscando preços mais altos para o gás natural vendido para a estatal Petrobras, acrescentando que seu contrato atual com a gigante petrolífera brasileira gera grandes perdas.
Um aperto de gás natural tomou conta de países em todo o mundo, à medida que os compradores lutam para garantir o fornecimento em um momento de aumento dos preços internacionais após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
O Ministério da Energia da Bolívia disse que a Petrobras paga entre US$ 6 e US$ 7 por milhão de unidades térmicas britânicas (BTUs) pelo gás natural boliviano, enquanto os compradores privados alternativos no Brasil estão dispostos a pagar entre US$ 15 e US$ 18 por milhão de BTU.
A Bolívia tentou renegociar seu contrato de fornecimento com a Petrobras, mas “a resposta não foi a esperada”, disse o ministério em comunicado.
A empresa estatal de energia da Bolívia YPFB perde cerca de US$ 70 milhões por ano nas entregas atuais, acrescentou.
A assessoria de imprensa da Petrobras não quis comentar o assunto.
A Bolívia é obrigada a enviar até 20 milhões de metros cúbicos por dia (MMm3d) de gás natural para o Brasil, mas nas últimas semanas os volumes caíram quase um terço.
O presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que enfrenta uma difícil reeleição em outubro, acusou a Bolívia de redirecionar algumas de suas exportações de gás do Brasil e para a Argentina, em um esforço para prejudicá-lo politicamente.
Oscar Claros, gerente de contratos de exportação de gás natural da YPFB, defendeu as ações da empresa como “puramente econômicas” devido aos maiores retornos das vendas para a Argentina.
“Também foi negociado um prêmio”, disse Claros, referindo-se aos compradores argentinos, acrescentando que mais do que cobria eventuais penalidades que poderiam surgir do contrato da empresa com a Petrobras.
A YPFB está comprometida em entregar pelo menos 14 MMm3d de gás natural para a Argentina neste inverno, mas pode expandir para 18 MMm3d, com um preço médio de US$ 12 por milhão de BTUs.