Jornal Multimodal

Aeroportos no Brasil estão mais seguros com novos procedimentos de aproximação

O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), após meses de pesquisa realizada pelo Grupo de Estudos sobre Planejamento de Espaço Aéreo (GEPEA), publicou, em 7 de junho de 2021, a Circular de Informações Aeronáuticas (AIC) Nº 21/21, que trata de “aproximações com uso de procedimentos RNP APCH para aeródromos não homologados para operação IFR (Cartas de Aproximação por Instrumentos)”.

Essa AIC prevê o que, até então, não era permitido. A implementação desses procedimentos está aumentando a segurança das operações aéreas nos aeroportos contemplados, reduzindo a possibilidade de descidas não estabilizadas e mantendo uma margem de liberação de obstáculos nas aproximações em condições de mau tempo.

Considerando-se o período de 2013 a 2017, de acordo com o IATA Safety Report, a aproximação não estabilizada foi a terceira causa mais comum para uma condição indesejada das aeronaves. Além disso, de acordo com a mesma publicação, 22% dos acidentes fatais ocorreram na aproximação final, incluindo como fatores contribuintes a pilotagem manual, desvios verticais laterais ou de velocidade, aproximação desestabilizada, dentre outros, mais associados a Regras de Voo Visual (VFR).

Os aeroportos de Ilhéus (BA), Salvador (BA) e Angra dos Reis (RJ) já contam com esse tipo de procedimento, que está trazendo ganhos significativos em termos de incremento nos níveis de segurança operacional e aumento da acessibilidade e na eficiência das operações.

Em novembro de 2021, o aeroporto de Terravista, em Porto Seguro (BA), também será contemplado com um procedimento IFR RNAV que vai colaborar com o aumento de segurança e eficiência das operações naquela terminal.

O Coronel Especialista em Controle de Tráfego Aéreo Fernandes Júnior, gerente do GEPEA, informa que o Instituto de Cartografia Aeronáutica (ICA) está apoiando o DECEA na implementação desses procedimentos. “Inicialmente serão quatro aeroportos. Futuramente, serão contempladas pistas homologadas com operação VFR, onde se espera operar voos de passageiros e cargas, em aeroportos providos de órgão de serviço de tráfego aéreo (ATS) ou de Estação de Radiodifusão Automática de Aeródromo (EERA)”.

Segundo o relato do comandante André Danita, acostumado com o voo do Campo de Marte (SP) para Angra dos Reis (RJ), a implementação de um procedimento RNP para o aeródromo fluminense foi um ganho enorme para a eficiência e segurança das operações.

“O voo sob VFR entre os dois aeródromos costuma ser estressante, com navegação visual em espaço aéreo não controlado, em altitudes e trajetórias limitadas pelos corredores visuais, sem apoio de controle de tráfego aéreo (ATC) e sob auto coordenação. Atualmente é possível, após a decolagem VFR do Campo de Marte, mudar as regras de voo e prosseguir IFR em voo direto, evitando a região das encostas da serra do mar, onde tipicamente há mais nebulosidade e turbulência. Quando estou mais próximo a Angra, sintonizo a EERA e, com três toques do PTT (push to talk), é possível obter as condições meteorológicas do aeródromo.”

 

 

 

 

Fonte: DECEA

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo