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Líderes dos setores de energia e financeiro apontam preservação ambiental como essencial para o futuro dos negócios

Líderes de empresas globais dos setores financeiro e de energia no Brasil defenderam a recuperação econômica da crise com foco na preservação do do meio ambiente no segundo dia do evento on-line Shell Talks, para que o país não corra o risco de perder uma posição de destaque na chamada economia verde.

No encontro desta quarta-feira, os presidentes da Shell Brasil, André Araujo, da Siemens Energy do Brasil, André Clark, e do Santander no Brasil, Sérgio Rial, afirmaram que a busca da redução das emissões de carbono de atividades das indústrias, incluindo a de petróleo, não é só fundamental para a preservação do meio ambiente. Pode abrir espaço para investimentos e negócios. O contrário pode afastar oportunidades para o país.

Eles se reuniram em uma das sessões do evento, no qual a Shell reúne lideranças do setor de energia para debates entre 1 e 3 de dezembro em um formato inovador, on-line e gratuito. O Shell Talks é realizado em parceria com os jornais O GLOBO e Valor Econômico.

Diretamente de um estúdio na sede do GLOBO, no Rio de Janeiro, os encontros serão transmitidos ao vivo para a plataforma digital do Shell Talks (shell.com.br/rog) na Rio Oil & Gas 2020, o maior evento do setor de óleo e gás na América Latina, que tem a multinacional anglo-holandesa entre os principais patrocinadores. O evento de ontem foi mediado pela presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Clarissa Lins.

Araujo lembrou que o Brasil é o maior produtor de petróleo em águas profundas (como os campos da região do pré-sal), mas também é o segundo no mundo na fabricação de bicombustíveis e tem 46% da sua matriz energética baseados em fontes renováveis.

Mesmo assim, o país é o sétimo país com maior emissão de gases que provocam o aquecimento global por causas ligadas a problemas ambientais, lembrou o executivo:

— Dois terços dessas emissões são atribuídas ao uso da terra e ao desmatamento. Infelizmente a maioria dessas emissões são provenientes de atividades ilegais. Além da discussão do combate à ilegalidade, não podemos tirar o foco do nosso papel e da nossa responsabilidade de buscar urgente a redução das emissões nas diferentes cadeias produtivas, incluindo o setor de energia.

Segundo o presidente da Shell no Brasil, o desenvolvimento de mercados de créditos de carbono pode transformar o esforço de redução das emissões de CO² em um negócio atraente, podendo gerar divisas e empregos no país.

A meta da Shell é emissão zero de gases de efeito estufa até 2050. Araujo informou que a companhia vai destinar entre 30% e 35% de seu orçamento anual para pesquisa e desenvolvimento (P&D) para novas energias a partir de 2021.

Até este ano, o percentual era de 10%. Ele citou a intenção da Shell de comercializar outros tipos de combustíveis e produtos com “menos intensidade de carbono”, como biocombustíveis e hidrogênio.

— A economia de baixo carbono tem oportunidades reais de negócios, de geração emprego e renda. Se o Brasil fizer seu dever de casa, vai sair na frente de todo mundo — destacou Araujo.

Sérgio Rial, presidente do Santander no Brasil, afirmou que as lideranças empresariais têm um papel muito importante neste momento de transição energética e nas questões que impactam o meio ambiente.

Ele afirmou que o setor financeiro, como agentes financiadores, tem uma responsabilidade no incentivo a investimentos relacionados ao desenvolvimento sustentável nos diferentes setores com os quais se relaciona:

— Quando se fala em uma economia de baixo carbono, para nós, independentemente da agenda moral, é um negócio. Ou seja, como nós podemos ser um agente de transformação e de aceleração desse processo que já chegou — destacou Sérgio Rial.

O presidente da Siemens Energy do Brasil, André Clark, disse acreditar que a pandemia do novo coronavírus que paralisou o mundo tem em sua origem questões ambientais. Para ele, a Covid-19 é uma expressão dos riscos a que está exposta a humanidade:

— O mundo emergiu da Covid ciente de que a humanidade enfrentou pela primeira vez a perspectiva de uma possível extinção. A crise climática que provoca a crise ambiental e da biodiversidade foi a que provocou a crise de saúde. Isso serve de alerta, de que a gente está a caminho de uma questão chamada extinção.

Segundo o executivo da Siemens, o Brasil terá o desafio de ter um papel relevante na COP-26, a Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas que seria realizada em novembro na Escócia e foi adiada para 2021 por causa da pandemia. Para isso, afirmou, o posicionamento do setor privado em relação às questões climáticas é fundamental.

No debate os executivos destacaram também a importância de as empresas incorporarem as suas agendas estratégicas demandas contemporâneas da sociedade, como a diversidade e a inclusão social.

— O importante é o diálogo, entrar no diálogo não só com a sua verdade, o seu posicionamento, mas ter espaço para escutar. Escutar a juventude, o que essa geração está trazendo — defendeu André Araujo.

Preservação da Amazônia
Os participantes do debate concordaram que a conservação do patrimônio natural da Amazônia é imporante para o país.

O executivo do Santander citou um plano de sustentabilidade lançado recentemente pelo banco em conjunto com o Bradesco e o Itaú Unibanco que elenca dez medidas voltadas para a conservação ambiental e o desenvolvimento da bioeconomia, além de investimentos em infraestrutura sustentável e a proteção de direitos básicos da população da região amazônica.

Segundo Rial, uma das primeiras ações é fomentar o aumento da produtividade da cadeia produtiva da carne, para o setor crescer sem aumentar áreas ocupadas pela pecuária.

Ele também citou a regulação fundiária como forma de combate à ocupação ilegal de terras, bem como a certificação por autoridades regionais sobre o cumprimento do Código Florestal nas propriedades.

Essas medidas, afirmou, facilitariam certificados ambientais exigidos por importadores de alimentos na Europa, por exemplo, de produtores rurais no Brasil.

O presidente do Santander também defendeu o incentivo ao desenvolvimento de cadeias econômicas sustentáveis na Amazônia e informou que a iniciativa vai fomentar cooperativas na região em breve.

 

 

 

Fonte: O Globo

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