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Postado em 3 de março de 2020 | 17:30

BRF espera resultados melhores, mas câmbio volátil afeta previsão de alavancagem

A BRF trabalha com um cenário de crescimento na demanda por proteínas na China nos próximos meses, uma expectativa apoiada ainda por um rebanho de suínos do país ainda debilitado pela peste suína africana, afirmaram executivos da dona das marcas Sadia e Perdigão nesta terça-feira.

Mas a queda do real ante o dólar e a expectativa de que a empresa não terá o mesmo impacto tributário positivo registrado no balanço de 2019 fez a companhia divulgar uma projeção de alavancagem com teto acima do desempenhado no ano passado, o que fazia as ações da produtora de alimentos liderar as perdas na bolsa paulista.

De olho na confusão do mercado, que logo entendeu que a empresa poderia apresentar piora de desempenho neste ano, o presidente da BRF, Lorival Luz, afirmou que a projeção de alavancagem entre 2,35 vezes e 2,75 vezes esperada para 2020 não se deve a uma previsão de “resultado pior” ou de “ciclo que se encerra” durante teleconferência com analistas da companhia. Em 2019, a alavancagem foi de 2,5 vezes.

“Estamos colocando essa variação (na previsão de alavancagem) porque tem uma volatilidade enorme do câmbio, além do efeito dos 884 milhões que impactaram positivamente o Ebitda de 2019, o que não acontecerá em 2020”, disse Luz, se referindo ao ganho tributário obtido no ano passado.

“O cenário de 2020 temos uma perspectiva de déficit ainda de produção de proteínas para atendimento do mercado chinês e até com o efeito do coronavírus, há tendência de haver demanda maior por produtos congelados de qualidade, uma busca por maior segurança alimentar. É uma perspectiva positiva”, disse o presidente da BRF.

A ação da companhia, que chegou a recuar mais cedo 5,85%, exibia baixa de 3,1% às 12h50, impulsionada em parte pela decisão do Fed de cortar juros dos Estados Unidos, anunciada nesta terça-feira.

Segundo Luz, a BRF, que em 2019 teve o primeiro lucro anual em quatro anos, revertendo prejuízo de 2,1 bilhões de reais de 2018, mantém a meta de atingir alavancagem entre 1,5 vezes e 2 vezes “no longo prazo”.

O executivo também afirmou que a empresa vai tentar acelerar projetos de investimentos de crescimento previstos para os próximos anos, entre eles, a expectativa de início da produção de fábrica na Arábia Saudita em 2021, além de lançamentos de novos produtos e entrada em novas categorias.

O investimento previsto para este ano é de entre 2,2 bilhões e 2,5 bilhões de reais, acima dos 1,87 bilhão de 2019 e dos 1,6 bilhão de 2018.

Questionado sobre a situação dos estoques de milho, usado como ração, da companhia após a forte alta de 35% no preço da commodity no quarto trimestre, Luz afirmou que a BRF “construiu uma base sólida ao longo de 2019 para que tenhamos um estoque de passagem para o primeiro trimestre, e um pouco do segundo trimestre, em uma condição bastante favorável”.

Este aumento nos preços do milho pode eventualmente fazer a companhia repassar custos maiores para os preços de seus produtos no Brasil, de olho em garantir sua margem bruta, disse o vice-presidente comercial da operação brasileira da BRF, Sidney Manzaro, durante a teleconferência.

A BRF teve no quarto trimestre margem bruta de 25,5%, acima dos 18,9% registrados um ano antes, algo considerado por Luz como sustentável. No Brasil, a margem bruta da empresa foi de 27,2% ante 20,9% nos últimos três meses de 2018.

Fonte: Reuters


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