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Venezuela volta a lucrar com o agronegócio brasileiro, apesar de alvo de Bolsonaro

Os produtores agrícolas brasileiros voltaram a exportar alimentos para a Venezuela, apesar do governo de Jair Bolsonaro (PL) rejeitar qualquer aproximação ao país vizinho e até mesmo uma tentativa deliberada de cortar relações diplomáticas e comerciais com Caracas.

Dados oficiais do Ministério da Economia revelam que as exportações ganharam um novo ritmo desde o ano passado, após a forte contração das vendas do Brasil para o mercado venezuelano.

O volume ainda é uma pequena fração do que o Brasil exportou em 2012, quando o fluxo ultrapassou US$ 5 bilhões. Naquela época, o mercado venezuelano era o oitavo maior destino das vendas nacionais, e a contração das exportações em 2019 representou uma queda de 23 anos.

A profunda crise no país, a falta de garantias de crédito, as sanções impostas pelo governo Donald Trump e a decisão de Jair Bolsonaro de não reconhecer o governo de Nicolás Maduro fizeram com que os valores entrassem em colapso. Em 2016, o Brasil exportou US$ 1,6 bilhão. Mas em 2019, no primeiro ano do atual presidente brasileiro no poder, o volume caiu para apenas US$ 420 milhões.

A partir de 2021, o fluxo ganhou um novo ritmo. No ano passado, o Brasil voltou a exportar mais de US$ 1 bilhão para o mercado venezuelano. Até 2022, esse valor precisa ser muito ultrapassado. Até junho, o país havia exportado mais de US$ 713 milhões.

Foram alimentos e produtos agrícolas que impulsionaram o aumento. As vendas brasileiras de óleo de soja passaram de apenas US$ 29 milhões no início do governo Bolsonaro para US$ 189 milhões no ano passado. Mais de US$ 120 milhões foram vendidos até julho.

No mesmo período, as preparações de alimentos passaram de US$ 4 milhões para US$ 75 milhões, enquanto os embutidos de carne passaram de uma exportação inexistente para US$ 54 milhões.

Um dos melhores exemplos do retorno do comércio com Maduro é o caso do açúcar. As vendas chegaram a US$ 120 milhões antes do governo Bolsonaro. Mas eles estão reduzidos a apenas US $ 19 milhões. Eles alcançaram US$ 48 milhões em apenas sete meses.

Houve saltos impressionantes no comércio de milho, margarina e até biscoitos brasileiros.

As importações de produtos venezuelanos para o Brasil também aumentaram significativamente. Mas estão em níveis muito abaixo das vendas brasileiras. Em 2016, os venezuelanos exportaram 415 milhões de dólares para o mercado brasileiro. Esse volume caiu para apenas US$ 80 milhões no primeiro ano do governo Bolsonaro. Mas em julho já está em US$ 176 milhões e pode voltar aos níveis de 2016.

RUPTURA DIPLOMÁTICA E FIM DO COLAPSO ECONÔMICO

O novo pico de vendas brasileiras ocorre após anos de contínuos ataques do bolsonarismo contra Maduro, acusado pela ONU de montar um verdadeiro plano de repressão contra a oposição. Deixou de reconhecer o governo de Brasília, retirou diplomatas de Caracas e passou a usá-lo.

Conhecer os dados reais da economia venezuelana é um desafio para as instituições internacionais. A maioria das informações deixou de ser publicada pelo governo Maduro em 2019, quando a economia entrou em colapso em 24%. Em seu discurso ao Congresso este ano, ele afirmou que o país cresceu 4% em 2021, com taxa de expansão de 7% no primeiro trimestre. Hoje, diante da guerra na Ucrânia, o petróleo venezuelano volta a ser aceito pelas potências ocidentais.

Se aprovado, 2021 será o primeiro país a ver a expansão da economia local em oito anos. No entanto, algumas estimativas internacionais mostram que o país perdeu 75% do seu PIB nesse período.

Por exemplo, o Credit Suisse estima que a economia venezuelana possa crescer 4,5% em 2022, em grande parte impulsionada pelas receitas do petróleo. A hiperinflação também mostrou sinais de desaceleração. Depois de atingir 3.000% ao ano, seria 686% em 2021.

 

 

Fonte: O Petróleo

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