Vendas de carne uruguaia ao Brasil devem acelerar
A aproximação entre os governos do Uruguai e do Brasil pode favorecer, a curto prazo, o comércio de carne e outros produtos agrícolas entre eles.
O Brasil é um mercado interessante para carne ovina, permite cortes com osso e levou mais de 30 anos para dar fluidez e dar lugar aos produtos uruguaios. Também é na carne bovina, onde é inserido nas mesmas condições.
A participação do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, na assunção do novo governo uruguaio, liderado por Luis Lacalle Pou, foi vista por empresários uruguaios dedicados à exportação de carne, como um avanço que pode favorecer, no futuro, as relações comerciais entre ambos. países
Fontes consultadas pelo El País confirmaram que a partir de um ano atrás, o Brasil começou a complicar as exportações uruguaias de carne ovina e bovina, bem como as importações de carne desossada que chegam para regular o preço do produto no mercado interno .
É que as autoridades brasileiras começaram a solicitar os documentos de importação e tiveram entre 30 e 40 dias para emitir as licenças, mas complicaram a papelada e levaram dois meses para emitir as licenças. Essa situação continua hoje.
Se essa maior aproximação entre os dois governos for mantida, “é possível colocar outros produtos com valor agregado no Brasil”, disse o corretor Jorge Dimu em diálogo com o El País.
Dimu e sua empresa (Dimu Brothers Group) foram pioneiros na exportação de cordeiros de elite para o mercado brasileiro, especialmente para o circuito de grandes restaurantes. Há 30 anos, ele montou esses nichos comerciais que trabalhavam com a Marfrig e hoje exporta para o grupo JBS. Ao longo dos anos, a carne bovina também foi adicionada e, em ambos os casos, já está colocando cortes em porções que conseguiram valorizar os produtos.
“A demanda no Brasil é firme e é um mercado potencial, principalmente em carne ovina”, disse o empresário ao El País. Esse destino ainda está vendendo cordeiros de alta qualidade que vão para o circuito de restaurantes de São Paulo, mas também cortes de outras categorias de ovelhas vão para outros estados de menor poder aquisitivo.
Dimu lembrou que o mercado brasileiro foi conquistado “com base na qualidade” e que “precisamos cuidar disso”, alertou.
Há mais de 30 anos, eu já enfatizei a necessidade de cuidar da qualidade para estabelecer a carne ovina uruguaia nos mais altos níveis de consumo. Hoje essa é uma realidade indiscutível.
Como limitador temporário hoje, o empresário uruguaio mencionou o aumento do preço do dólar no Brasil, que permaneceu em 4,50 reais por unidade, mas a moeda americana também sobe no Uruguai.
“Existe demanda e estamos indo bem, mas precisamos encontrar uma maneira de melhorar as exportações aproveitando as oportunidades comerciais”, disse Dimu. Por outro lado, é necessário mais volume no fornecimento de carne ovina, a fim de manter um bom fluxo comercial com os clientes. Meses atrás, esse exportador marcou um déficit mensal de produtos que limitava os negócios e instou os produtores a aumentar o estoque de cordeiros em cada colheita.
De acordo com dados estatísticos do Instituto Nacional da Carne (INAC), até fevereiro de 1.764 toneladas de peso de carcaça e 950 toneladas de carcaça de carne de ovelha foram exportadas para o Brasil.
Certamente você pode crescer mais em um destino muito próximo e onde a qualidade é a premissa fundamental, porque o consumidor brasileiro, principalmente o das grandes cidades, conhece a carne e tem demandas que o Uruguai pode atender perfeitamente.
Fonte: El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.