Opinião

Tecnologia leva setor de distribuição para o centro estratégico dos negócios

Percebe-se um movimento das empresas em investirem na expansão das operações da sua distribuição para regiões estratégicas e em tecnologias que facilitem os processos.

Mesmo no cenário adverso da pandemia, o setor Atacadista Distribuidor registrou um faturamento recorde de R$ 287,8 bilhões em 2020, crescimento nominal de 5,2% sobre 2019, segundo aponta a pesquisa Ranking Abad/Nielsen 2021 – ano base 2020, produzido pela Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (ABAD), em parceria com a Fundação Instituto de Administração (FIA) e a consultoria Nielsen.

Com a necessidade das implantações de medidas restritivas, que impactaram praticamente todos os setores da economia, foi possível observar que alguns fatores foram importantes para a obtenção desse alto desempenho. Um dos principais foi a adoção de tecnologias para a continuidade dos negócios. As empresas perceberam, de maneira forçada ou não, a necessidade urgente da transformação digital na prática a partir do uso de ferramentas, soluções e sistemas que agregassem na operação e promovessem um ganho de produtividade ainda maior.

O segmento atacadista distribuidor se encontra dentro de uma cadeia de Supply Chain, que requer sistemas que controlem toda a operação de compra, armazenamento e distribuição de produtos. No entanto, para a aplicação de tecnologia e tendência de inovação, é preciso compreender a qual tipo de distribuição seu negócio se encaixa. Há empresas que apresentam a distribuição de forma exclusiva, em que o fabricante já determina um representante ou vendedor para oferecer o seu produto – modelo bastante adotado no varejo –, a distribuição seletiva, em que há alguns intermediários para comercializar o produto – aqui prevalece o relacionamento entre o agente e o revendedor –, e a distribuição intensiva, em que há a análise dos pontos de venda estratégico – nesse modo, a distribuição acontece em vários pontos de venda.

Fato é que a distribuição é peça-chave para os negócios dos mais variados tipos e segmentos, servindo como um braço estratégico de negócios tendo como principal foco atender as demandas de forma direta. Para isso, percebe-se um movimento das empresas em investirem na expansão das operações da sua distribuição para regiões estratégicas e em tecnologias que facilitem os processos, além de promoverem um maior ganho de produtividade na operação.

De um processo mais básico até uma operação robusta, a implementação de um sistema integrado de gestão empresarial, o ERP, se faz primordial. Dessa forma, as compras, pedidos, notas fiscais, estoques e distribuição ficam alinhados, com disposição de informações em tempo real e processos ágeis para ações rotineiras. Mas, com a chegada dos marketplaces, que aumentam as variedades de comercialização, uma estratégia a mais de otimização e eficiência é o cross-docking. Nesse caso, as mercadorias não ficam estocadas em armazéns próprios, mas em fornecedores, e conforme o produto é requisitado, ele é enviado para a distribuição – onde é reembalado e imediatamente redistribuído.

Voltado para o controle interno, outra estratégia que pode ajudar é a implementação de um sistema WMS (Warehouse Management System). Essa solução faz o controle dos recebimentos, entregas, separação e endereçamento. O WMS também entrega outras atribuições, principalmente voltadas à distribuição, como paletização, pré-inventário, geração de nota fiscal, impressão de etiqueta dupla, shelf life, troca de informações entre sistemas, planejamento de armazenagem, entre outros.

Observando a disponibilidade de novas tecnologias no mercado, hoje vemos a maior implementação de ferramentas que envolvem maior uso de sensores e de Inteligência Artificial na gestão da distribuição. Novos sistemas para movimentação e redistribuição dos pacotes para diferentes partes de armazém, contando também com o recurso de esteiras e correias transportadoras, bem como envolvendo soluções como “picking by voice” e “picking by light”.

Outro recurso que tem ampliado a eficiência é o uso da realidade aumentada. Por meio de óculos inteligentes, as empresas são capazes de localizar os objetos dentro dos armazéns e promover a capacitação de colaboradores com treinamentos virtuais.

Com tantas soluções tecnológicas disponíveis no mercado, é compreensível que as empresas tenham dúvidas e dificuldades no momento da escolha e implementação. Nesse sentido, é importante que o primeiro passo seja entender quais os objetivos e as lacunas a serem preenchidas por essa tecnologia, para que no final haja o ganho de produtividade e eficiência na operação como um todo.

Claramente, o segmento de Distribuição tem crescido nos últimos tempos, com a entrada de novos players e o aumento da concorrência. A única forma de entregar esse crescimento sustentável é adotando soluções de tecnologia em todos os processos, que é o que está nos planos e ações das empresas que liderarão o mercado nos próximos anos.

 

Fonte: *Elói Assis é diretor de Varejo e Distribuição da TOTVS

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