Siderurgia teme abertura do mercado brasileiro
A abertura comercial do Brasil, que é uma das propostas do governo Bolsonaro, é uma das preocupações do setor de siderurgia, externada pelo Instituto Aço Brasil. Durante a última entrevista coletiva do ano, o presidente da entidade, Marco Polo de Mello Lopes, ressaltou que a maior abertura da economia deve ser feita “com seriedade”. “Temos que fazer a correção das assimetrias competitivas, ou seja, reduzir o custo Brasil”, diz.
O Instituto Aço Brasil faz parte de um grupo de outras nove entidades – que vão da indústria química a fabricantes de brinquedo e veículos – que adotam a mesma postura. De acordo com a coalizão formada por essas entidades, o grau de abertura comercial do Brasil, medido pela corrente de comércio em relação ao PIB, chega a 22% – considerado baixo e avaliado, por alguns especialistas, como um país fechado.
Entretanto, Lopes ressalta que o índice é similar ao dos Estados Unidos. Para as entidades, o elevado custo Brasil, de 30%, retira competitividade dos produtos brasileiros, em especial os manufaturados, bem como dificulta atingir mercados de maior potencial e mais distantes da América do Sul, destino de 45% dessas exportações. O presidente do Instituto Aço Brasil acredita que promover a abertura comercial unilateral, com redução tarifária, significa estimular a substituição de produtos nacionais por importados.
“O mundo inteiro está se protegendo. A América Latina é a única área completamente aberta”, diz. Mercado Lopes fez um balanço do setor, que neste ano teve recorde de produção de aço bruto: 36 milhões de toneladas. O motivo foi a entrada de novos players no mercado.
Apesar do dado positivo, o dirigente ressaltou que outras variáveis, como exportação, vendas internas e consumo aparente, estão no mesmo nível de 2015. As vendas internas da indústria brasileira do aço chegaram a 18,8 milhões de toneladas neste ano, o que representa alta de 8,9%, segundo previsão do instituto. Mas na comparação com 2013, o desempenho é 22,8% menor. O mesmo acontece com o consumo aparente, que soma em 2018 21, 1 milhões de toneladas, alta de 8,2% frente a 2017 e queda de 24,5%, quando comparado com 2013. Previsão é de alta na venda, em clima de ‘otimismo prudente’ São Paulo.
A expectativa do Instituto Aço Brasil para o próximo ano é de aumento de 5,8% nas vendas internas, totalizando 20 milhões de toneladas. O consumo aparente deve crescer 6,2%, com 22,4 milhões de toneladas. O presidente Marco Polo de Mello Lopes destacou o crescimento da confiança da indústria do período eleitoral, que chegou a 63, 2 pontos. Foi o maior crescimento mensal da confiança da série histórica, captada pelo Índice de Confiança do Empresário Industrial. As projeções da entidade para 2019, embora positivas, estão em percentuais próximos da que havia sido feita para 2018, divulgada em julho deste ano. “Estamos com uma posição prudente para não criar falsas expectativas”, justifica.
Fonte: O Tempo