São Bernardo quer destravar exportação
A redução das barreiras legislativas, tributárias e a adoção de novas tecnologias nos veículos produzidos no Brasil e Argentina são o foco do 1° Congresso Latino-Americano da Indústria Automotiva, que vai acontecer nos dias 25 e 26 de março no Cenforpe (Centro de Formação dos Profissionais da Educação), em São Bernardo. Representantes das montadoras e integrantes dos governos dos dois países vão debater esses assuntos e buscar formas de garantir o aumento da exportação no Mercosul e África. O encontro é organizado pela Agência Autodata e São Bernardo.
Estão confirmadas as presenças do prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), do governador, João Doria (PSDB), do ministro da Indústria e do Trabalho da Argentina, Dante Sica, e do secretário Especial da Receita Federal do Brasil, Marcos Cintra. Também é aguardado o ministro da Fazenda, Paulo Guedes. Segundo Morando, a realização de um congresso com esta projeção em São Bernardo é emblemático, uma vez que a cidade é considerada o berço do setor automotivo no País. “Como maior mercado regional do setor automotivo, o Brasil detém expertise e papel de liderança frente aos demais mercados da América Latina, o que coloca a nossa região no centro intelectual das discussões sobre o futuro da indústria, investimentos e tendências para o setor”, destacou Morando.
Segundo Márcio Stéfani, diretor da Autodata, esse será o mais importante encontro da história da agência nos últimos 24 anos. Diz que será muito importante para a economia do Brasil, para a Argentina e especialmente para São Bernardo, que tem 3/4 das empresas do setor. Hoje as montadoras já não são do Brasil, mas do Mercosul, e já se organizam assim. “Para que isso possa funcionar é preciso conversar, em termos de legislação, para que os países sejam provedores dos mercados sul-americanos e de parte da África”, explica. Em 2017, segundo Stéfani, foram exportados 700 mil carros, um recorde, apesar da crise econômica. No ano passado o número caiu para 650 mil. A grande maioria desses veículos, 70%, vai para a Argentina.
Stéfani relata que o Brasil tem capacidade para produzir 3,5 milhões de carros por ano, mas tem produzido 2,5 milhões, e a Argentina tem capacidade para 1 milhão e produz cerca de 800 mil. “Hoje não há competitividade por causa da política tributária; um carro japonês, por exemplo, chega mais barato no Peru do que um produzido no Brasil”, analisa.
Tecnologia
A tecnologia é apontada como uma necessidade para a indústria dos dois países, assim como a conectividade e a eletrificação. “Para produzir carros elétricos vamos precisar de um monte de equipamentos eletrônicos que não fazemos aqui e a China produz muito. Pode ficar mais caro importar, então precisamos subir esse degrau da tecnologia, por isso chamamos o Marcos Cintra, secretário da Receita Federal”, destaca Stéfani.
O professor do IMT (Instituto Mauá de Tecno-logia), em São Caetano, Mauro Andreassa, físico e com 39 anos de atuação na indústria automobilística, destaca a tecnologia como um dos pontos mais importantes do congresso. “O País tem de pensar em sistemas multimodais de transporte e na eletrificação, que são caminhos inevitáveis. O Brasil hoje é o oitavo país do mundo em produção de veículos, o que não é pouco, mas tem de se preparar para o carro elétrico e a conectividade. Não sei se podemos liderar esses mercados um dia, mas o consumidor da América do Sul, da América Central e da África já comoça a se acostumar com essas tecnologias”, diz. Andreassa aponta que 32,2% do PIB (Produto Interno Bruto) estão na parte industrial e São Bernardo é ainda a que tem o maior vigor, mas vai ter de passar uma era do conhecimento. “O cenário para este congresso é fantástico para discutir estas questões”, completa.
Fonte: Repórter Diário