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Reservatórios do Nordeste sobem ao maior nível desde 2012 com ajuda de Belo Monte

Os reservatórios das hidrelétricas do Nordeste do Brasil iniciaram esta semana com pouco mais que 56 por cento da capacidade, o maior nível desde agosto de 2012, com a região sendo beneficiada por energia importada de outras áreas.

Nos últimos anos, a recuperação dos lagos das usinas na região Nordeste foi atrapalhada por uma longa seca, uma situação que não mudou muito, segundo especialistas.

O melhor desempenho neste ano, dessa forma, não vem devido ao fim da estiagem na região, mesmo no chamado período úmido, que vai até abril, mas sim pela elevada produção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, que possibilitou volumosas exportações de energia do Norte para o Nordeste nos últimos meses, disseram analistas à Reuters.

Entre janeiro do ano passado e março deste ano, as precipitações nos reservatórios nordestinos representaram apenas 45 por cento da média histórica para o período, disse o diretor da comercializadora de eletricidade Bolt Energias, Gustavo Ayala.

“O adicional de energia com relação aos anos anteriores é praticamente todo de Belo Monte. E, além disso, as eólicas do Nordeste também estão gerando bem. Isso está fazendo com que a região consiga armazenar bastante energia mesmo em condições hidrológicas desfavoráveis”, explicou ele.

Em abril do ano passado, o armazenamento nas usinas do Nordeste estava em cerca de 32 por cento, quase metade do atual.

Belo Monte, que terá 11,2 mil megawatts em capacidade instalada quando concluída, ainda neste ano, será uma das maiores hidrelétricas do mundo, após receber investimentos de mais de 35 bilhões de reais.

O empreendimento no rio Xingu demorou décadas para sair do papel, em parte devido à resistência de ambientalistas, mas também por críticas de alguns à sua eficiência —a usina foi projetada para gerar com força total nos meses iniciais do ano, época de cheias em sua região, mas a produção no segundo semestre é geralmente muito baixa.

“O Nordeste estava importando energia do Norte. Em janeiro, por exemplo, cerca de 40 por cento da carga local foi atendida com importação. Principalmente Belo Monte fez com que houvesse todo esse excedente de energia nos primeiros quatro meses do ano”, afirmou o diretor de comercialização da Energética Comercializadora, Laudenir Pegorini.

As hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, também ajudaram —embora enviem sua produção para o Sudeste por meio de um sistema de transmissão em corrente contínua, elas possibilitaram que a região Sudeste exportasse então energia para o Nordeste, permitindo guardar mais água nos reservatórios locais.

“Tanto Belo Monte quanto as usinas do Madeira têm ajudado bastante, não há dúvida. Mas isso está no finalzinho, daqui a pouco começa a estiagem lá. Estamos agora aproveitando o final das águas”, disse uma fonte com conhecimento da operação do sistema elétrico.

As condições hidrológicas no Nordeste têm sido ruins praticamente desde 2012, mas com alguma melhora no últimos anos, embora não seja possível dizer se há uma tendência clara de recuperação, disse o meteorologista Alexandre Nascimento, da Stima Energia.

“Ali, entre 2014 e 2016, tivemos o que foi realmente o vale da chuva, foram três anos seguidos muito ruins mesmo. Mas é difícil a gente falar se essa situação realmente tende a ir se recuperando nos próximos anos, neste momento não tem como dizer”, afirmou.

Ele acrescentou que um dos pontos que têm ajudado a recuperação hídrica no Nordeste neste ano é o registro de El Niño de fraca intensidade.

Quando o fenômeno climático é normal, tem como efeito marcante no Brasil a redução das precipitações no Norte e Nordeste e aumento no Sul, onde há pouca capacidade de reserva nas hidrelétricas.

Fonte: Reuters

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