Raízen deve atuar em etanol de milho com logística e trading, diz executivo
A Raízen deverá participar da logística e comercialização em etanol de milho, cuja produção tem sido crescente no país, mas a companhia não deverá ser uma produtora, afirmou nesta segunda-feira Ricardo Mussa, que será o novo presidente da empresa a partir de abril.
Durante apresentação em reunião de investidores da Cosan, que é uma das donas da Raízen, juntamente com a Shell, Mussa afirmou que há questões, como investimento e descasamento de preços entre milho e etanol, que limitam o interesse da empresa no mercado do etanol do cereal.
“Não vejo grandes vantagens para a Raízen estar verticalizada no etanol de milho, mas vamos participar na logística e trading”, declarou.
O setor de etanol de milho tem avançado no Brasil e atraído interesse de grandes empresas como a chinesa Cofco, a “trading” de grãos Amaggi e a Raízen, conforme publicado pela Reuters com informações de fontes em meados de dezembro. [nL1N28S08Y]
No final do ano passado, o país possuía oito usinas que convertem milho no biocombustível, além de outras seis em construção e pelo menos sete em fase de design.
REFINARIAS E CBIOS
Ao ser questionado sobre os planos da Raízen na área de refino –ela participa de processo de desinvestimento em refinarias da Petrobras—, Mussa afirmou que o valor da eventual entrada da companhia nesse setor no Brasil estará “na integração” das atividades de combustíveis.
A Raízen, que é uma das maiores distribuidoras de combustíveis do Brasil, avalia ainda que haverá um benefício para o mercado, independentemente de quem sejam os novos donos das refinarias da Petrobras, já que o refino deixará de ter um monopólio estatal no país.
“O ‘business’ de combustível vai se beneficiar, vai ser um ente privado. Não acho que é um ganho operacional (na atividade de refino), acho que é um ganho de ‘mix’, de como opera a refinaria, não acho que o ‘upside’ está em redução de custos”, comentou ele, durante sua apresentação.
O executivo disse ainda que a Raízen se prepara para ser líder nas negociações de Cbios, os certificados de descarbonização estabelecidos pelo programa de incentivo aos biocombustíveis RenovaBio.
Filipe Ferreira, presidente da Moove, a empresa de lubrificantes da Cosan, disse ainda estar confiante com a expansão do mercado de etanol na Índia, que avançou em produtividade de cana.
Segundo ele, uma maior produção do biocombustível pelos indianos poderia ajudar a reduzir excedentes de açúcar.
Ele não comentou, no entanto, em que prazo a Índia poderia avançar em etanol.
Fonte: Reuters