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Queda de preços de fretes beneficia exportação de milho no Arco Norte

Com a colheita de milho finalizada em Mato Grosso com bons resultados, agricultores e tradings do Estado têm comemorado também o recuo nos preços médios dos fretes para escoamento da produção.

Algumas rotas importantes, como de Sorriso (MT) ao porto de Miritituba, em Itaituba (PA), apresentaram queda de 13,18% no valor médio cobrado em julho em relação ao mesmo mês do ano passando, de acordo com acompanhamento da EsalqLog – Grupo de Extensão e Logística Agroindustrial da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”. Com a baixa, o transporte saiu por R$ 205,18 a tonelada, ante R$ 236,35 em julho de 2019.

Além de um excesso de caminhões disponíveis, o frete rodoviário de Mato Grosso para o Arco Norte recuou com a finalização do asfaltamento da BR-163, que liga o norte de Mato Grosso a Miritituba, de onde saem barcaças pelo rio Tapajós rumo aos portos do Pará e Amazonas. “A viagem ficou mais rápida e mais barata do ponto de vista da manutenção dos veículos, o que barateou o frete desde o início do ano”, afirma Abner Matheus João, pesquisador da EsalqLog.

De acordo com ele, a conclusão da pavimentação da estrada já fez crescer o escoamento da soja colhida na safra de verão para os portos do Norte. Foram 5,13 milhões de toneladas da oleaginosa, ante 3,7 milhões no mesmo período do ano passado.

O incremento está em linha com projeção divulgada pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) em fevereiro, quando a obra foi inaugurada. Na época, a entidade estimou que o transporte de grãos pelo corredor deveria duplicar em cinco anos, passando de 10 milhões para 20 milhões de toneladas até 2025.

Se nenhum imprevisto acontecer, os preços do frete do milho nessa rota tendem a recuar, conforme o acompanhamento da EsalqLog. Em agosto, a entidade projeta um valor médio de R$ 202,56 por tonelada entre Sorriso e Itaituba.

Também saindo de Sorriso, o valor para transporte do cereal até o terminal ferroviário de Rondonópolis (MT) caiu 11,2% em julho – para uma média de R$ 114,41, ante R$ 128,89 no mesmo mês do ano passado. Entretanto, esse trecho mais curto ainda deverá apresentar um leve aumento de preços em agosto, para R$ 118,30 a tonelada. “Teremos menos veículos em Mato Grosso neste mês, porque eles já estão se deslocando para outras regiões. Então, esse frete de curta distância tende a subir um pouco”, afirma Abner Matheus.

Também no caminho que leva grãos de Cascavel, no interior do Paraná, ao porto de Paranaguá, o pico de preços não foi alcançado. A colheita no Estado do Sul ainda está na metade e a previsão da EsalqLog é que os valores cheguem a R$ 122,16 a tonelada, em média, em agosto, ante R$ 117,65 em julho. Na comparação anual, o preço nessa rota caiu 8,63% no mês passado.

“Os preços poderiam cair ainda mais, se dependessem apenas da disponibilidade de caminhões. Ocorre que o aumento da produção e das exportações têm garantido trabalho no transporte”, afirma o pesquisador.

Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a safra brasileira de milho somará 75 milhões de toneladas nesta segunda temporada, 2,4% mais que em 2018/19. A safra de verão ficou em 25,7 milhões, leve incremento de 0,2%. No caso da soja, a alta é calculada em 5,1%, com 102,1 milhões colhidos.

No caso do milho, a expectativa da Conab é de uma queda nas vendas externas no acumulado da safra – de 41 milhões de toneladas, no ciclo 2018/19, para 34,5 milhões, retração que deverá ser compensada pelo aumento do consumo interno. Mas, em agosto, os embarques estão acelerados. A média diária chegou a 408,5 mil toneladas nos cinco primeiros dias úteis do mês, ante 332,8 mil em agosto de 2019, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

 

Queda de preços de fretes beneficia exportação de milho no Arco Norte

 

 

Fonte: Valor

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