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Pré-sal pode estimular setor químico a investir para reduzir importações

O avanço da produção de petróleo – principalmente na camada pré-sal – no Brasil pode ser uma oportunidade de investimentos para a indústria química reduzir a dependência das importações no médio e longo prazo.

O ano de 2018 foi marcado por oscilações e pressão cambial no setor. “Diversos insumos são importados porque não temos cadeia para produzir tudo aqui. Nos próximos anos, existe um cenário propício para investimentos devido ao potencial competitivo do pré-sal. Isso poderá mudar a indústria”, aponta a sócia-executiva da Maxiquim Assessoria de Mercado, Solange Stumpf.

De acordo com o último levantamento da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), o segmento de produtos químicos de uso industrial apresentou avanço de 1,84% no volume de vendas internas de janeiro a setembro sobre igual período do ano anterior.Já o índice de produção registrou recuo de 2,62% na mesma base. A taxa de utilização da capacidade instalada ficou em 77%, um ponto abaixo da registrada em igual período do ano passado.

“O setor está andando um pouco de lado, percebemos uma queda de produção e as importações continuam elevadas”, avalia o presidente da Abiquim, Fernando Figueiredo. No acumulado de janeiro a setembro, as compras externas de produtos químicos somaram US$ 31,6 bilhões, uma elevação de 13,4% frente ao mesmo período de 2017. “De forma geral, o setor foi melhor que no ano passado, em termos de volume. Mas houve uma oscilação muito grande devido à greve dos caminhoneiros e eleições. A balança comercial foi desfavorável, a importação cresceu pra atender a demanda”, destaca Solange.

Figueiredo explica que os preços das matérias-primas sofreram impacto duplo com a valorização do dólar. “O Brasil não é um país que forma preço na cadeia petroquímica. Se a matéria-prima sobe lá fora, nós temos dois aumentos: do produto em si e na conversão cambial”, esclarece.O diretor-membro da comissão de silicones da Abiquim, Paulo Vianna, conta que o produto registrou alta de 13% nas vendas até setembro. A previsão de crescimento para 2018 deve ficar entre 5% a 7%.

“É bastante expressivo em relação ao PIB e se deve a um aumento na demanda pela tecnologia do silicone, opção para substituir matérias-primas derivadas do petróleo.” Porém, as exportações tiveram queda, por influência do câmbio. “Os mercado da América do Sul sofreram uma desvalorização dramática da moeda local e isso acabou gerando um impacto negativo para as exportações”, assinala Vianna.Perspectiva para 2019 Para Solange, a expectativa é de uma continuidade do avanço do setor no próximo ano, influenciada pela melhora do ambiente econômico.

“Há uma tendência de sair da crise e de crescimento maior do PIB. A indústria tende a crescer de 3% a 4%”, estima.O diretor de marketing do negócio de poliuretano da Dow para a América Latina, Edilson Machado, vê um cenário favorável pela melhora de setores demandantes chaves para a indústria química. “Deve ser um ano positivo para segmentos que temos foco, como construção civil, automotivo e o mercado de conforto, como colchões e travesseiros. Esperamos uma retomada da economia e menos turbulência política”, assinala.

Figueiredo afirma ver com bons olhos as sinalizações do futuro governo de Jair Bolsonaro para a agenda econômica. “Temos esperança que as reformas necessárias sejam feitas, começando pela Previdência, que pode trazer equilíbrio para os gastos públicos, e também a tributária, que deve ter um impacto positivo para todos os setores produtivos.”

Vianna tem uma visão semelhante. “A mudança política, com foco voltado ao mercado, deve favorecer nossa indústria em 2019. Acreditamos na continuidade do crescimento.” Solange vê no potencial de retomada de vendas e movimentação dos mercados de infraestrutura e construção civil a justificativa para o otimismo. “É uma oportunidade de aproveitar esse momento de retomada. O setor precisa de investimentos para se tornar mais sustentável.”

Fonte: DCI

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