Portos de Manaus registram movimento tímido de cargas em 2018
A movimentação de cargas no Porto de Manaus marcou um crescimento de 0,24%, no acumulado do ano, de janeiro a outubro, na comparação com o mesmo período de 2017. Apesar do número tímido, o déficit do período permanece alarmante, mantendo a tradição dos anos anteriores. Os dados são da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).
O total de cargas movimentadas foi de 10.686.069 toneladas. Dentro desse número, 7.665.505 cargas foram desembarcadas na cidade enquanto que 3.020.564 foram embarcadas. Para os contêineres que chegaram a capital houve aumento de 2,49% e os contêineres saídos caíram em 5,03%.
Para o economista Luiz Rodrigues Nascimento, o cenário deste ano não é surpreendente, considerando, inclusive, os últimos 30 anos. “Nosso comércio exterior é fraco e com baixa competitividade. Os números mostram que nossos produtos não são valorizados no meio internacional e que as empresas, sem estímulo fiscal suficiente, são obrigadas a não investirem no matéria-prima local”, avaliou.
Os dados da Receita Federal confirmam a fala do especialista. Segundo as declarações de importação da Alfândega, o total comprado pelos portos foi de R$ 23.621.315.676, juntando os valores de fretes e seguro. Os recintos que mais compraram foram Superterminais, Chibatão e Aurora da Amazônia.
Já em números de exportação, o valor despenca para R$ 7.391.591.248. Dessa vez, o Superterminais e Chibatão lideraram à lista com número significativo de declarações ao longo dos dez meses analisados. A movimentação geral de cargas foi de 99,9% nos portos privados da capital.
O grupo de mercadorias mais movimentadas em toneladas foi de contêineres somando 46,6% do total com alta de 12,74%. Petróleo e derivados com 32,2% do total teve baixa de 14,94%. Semirreboque baú aparece em terceiro lugar com 7,3% com crescimento de 4,59%. Veículos automóveis somam 3% e alta de 6,82% e Ferro e Aço com 2,9% e 140,95% de alta.
Nascimento explicou que o Polo Industrial de Manaus (PIM) é o responsável pelo baixo registro de exportação. “As empresas fazem menos esforço para buscarem outras praças comerciais devido à desvantagem da alta burocratização da nossa legislação industriária. Com isso a exportação local é consumida dentro do próprio comércio nacional. Assim, ficamos sujeitos às oscilações econômicas internas. Isso é fruto de más decisões políticas”, comentou.
Ele ainda acrescentou que o balanço é o mesmo há ao menos 30 anos, próximo aos meados dos anos 1980. “Desde quando o PIM passou a ser grande importador de insumos estamos nesta situação. Uma possível solução é estimular as multinacionais para trazerem suas filiais efetivando o processo burocrático básico e baixando as cargas tributárias. O governo eleito levantou as expectativas de uma economia liberal e radical. Esperamos que ele mantenha a palavra para 2019”, completou.
O economista José Fernando ressaltou que nas variações positivas dos indicativos, a recuperação da economia é perceptível. No PIM, isso reflete a reposição de estoque. “Para o próximo ano, as empresas estão fazendo aumento nas vendas com estimativas de expansão de crédito, redução das taxas de juros, aumento do consumo decorrente da recuperação dos empregos, redução das taxas de câmbio, entre outros”, finalizou.
Fonte: Em Tempo