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Porto recebe draga especial para obra nos berços

Os berços do Porto de Paranaguá começam a ser dragados por um draga mecânica, nesta sexta-feira (6). Esta é a primeira vez que uma “Clamshell” realiza obras nos portos paranaenses. A diferença entre essa e as embarcações comuns na realização desse serviço marítimo, no Estado, é a precisão e a segurança para dragar mais próximo ao costado.

Como explica o oceanógrafo Ricardo Delfim, da Diretoria de Engenharia e Manutenção da empresa Portos do Paraná, a Xin Hai Beng é uma draga estacionária, fixa. Basicamente, ela opera com um guindaste, auxiliada por caçambas e batelões.

“O equipamento é um tipo de draga mecânica que opera com uma caçamba içada por cabos (espécie de guindaste). Tem menos mobilidade, mas draga om maior precisão próximo ao cais e não expõe as estruturas fixas à riscos”, explica.

A Clamshell é atendida por batelões (embarcações auxiliares de fundo chato, tipo balsa) para que o material dragado chegue ao despejo.

COMO OPERA – Para a obra, a draga Xin Hai Beng se fixa em um ponto estratégico e avança à posição de operação, por meio de grandes ‘estacas’, tecnicamente chamadas de ‘spuds’. O equipamento traz consigo três tamanhos de caçamba: 09m³, 22m³ e 27m³.

A caçamba designada para determinado local é baixada até fundo, aberta, por gravidade, penetra o leito e, após cheia, o operador a fecha por cabos e transfere o material para dentro do batelão (que fica atracado a contra-bordo, ou seja, bem junto à draga).

Os batelões que atendem a operação são o Hang Bo 2002 e o Hang Bo 2003. Enquanto um batelão está sendo carregado, o outro está despejando o material. Os dois batelões se alternam entre carregamento e transporte ao despejo, para que a Xin Hai Beng não fique ociosa.

O uso de draga mecânica, classificação dada a dragas que não utilizam bombas de sucção, normalmente é aplicado, em portos brasileiros e internacionais, em obras junto à cais, berços e dolfins (estruturas localizadas fora do cais, que servem para amarração e atracação de navios).

APOIO – Durante a obra, uma outra embarcação ainda auxilia nas atividades. O rebocador M. Aveiro é empregado no processo de nivelamento do leito marinho.

“Em baixa velocidade (para evitar agitação do sedimento do leito), o rebocador nivela, ocupando eventuais lacunas de sobredragagem (quando se draga além do previsto) com material que, mesmo após dragagem, remanesça acima da profundidade de trabalho (pequenas cristas)”, explica Delfim.

Segundo o oceanógrafo, essa técnica visa aproveitar as pequenas lacunas das áreas que eventualmente são dragadas além da cota de trabalho. Com isso são evitadas que viagens extras até a área de despejo sejam feitas.

“Ao evitar que viagens extras sejam feitas até o despejo e ao ocupar áreas que foram “sobredragadas” e não entram no escopo do contrato (mas houve esforço material, de insumos, por queima de combustível por exemplo) diminuem a pegada ambiental da obra e otimizam o tempo e os resultados”, comenta.

CRONOGRAMA – De acordo com o diretor de Operações da Portos do Paraná, Luiz Teixeira da Silva Júnior, esse equipamento era muito aguardado. “É uma draga especial porque ela chega perto da cortina do berço. Essa é a grande vantagem dela sobre a draga convencional que nos atendia até hoje”, pontua.

Os serviços dessa etapa da dragagem dos berços do cais comercial do Porto de Paranaguá começarão pelo berço 204, especializado no embarque de granéis sólidos de Exportação (grãos e açúcar). E na sequencia devem ser dragados linearmente os demais berços até o 214; e por fim, o berço interno do píer de inflamáveis 142.

DRAGAGEM – Com a obra de manutenção, a profundidade mantida em todos os berços é de 13,5 metros. Para o berço interno do píer de inflamáveis, são 11 metros.

No total, serão cerca de 150 mil metros cúbicos de sedimentos retirados no cais comercial e parte interna do píer de inflamáveis. A obra mantém o porto operacional, igualando as profundidades dos berços aos acessos aquaviários.

A obra está inserida no programa de manutenção continuada da profundidade dos Portos do Paraná, que prevê as obras para os próximos cinco anos. O investimento público total para o programa será de R$ 403 milhões, ao longo destes cinco anos.

DESCARTE – A área de despejo dos sedimentos dragados fica localizada a mais de 20 quilômetros da Ilha da Galheta e da Ilha do Mel. Em média, devem ser realizadas duas viagens por dia, por equipamento.

O local de descarte, regulamentado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), foi definido após estudos de correntes e outros aspectos climáticos, como a mais indicada para a dispersão do material dragado sem prejuízos ambientais.

Fonte: APPA

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