Por que os preços dos combustíveis continuam subindo e quais são as perspectivas para o futuro?
Nos próximos meses, o preço dos combustíveis no Brasil deve continuar estrangulando a renda familiar e pode causar impactos ainda mais significativos na inflação. O reajuste mais recente nas refinarias aumentou os valores do diesel em 24,9%, da gasolina em 18,8% e do gás de cozinha em 16%.
Por detrás deste aumento e de todos os outros registados no ano passado estão vários fatores, ligados à conjuntura internacional e aos rumos políticos e económicos percorridos pelo país nos últimos anos.
POLÍTICA DE PREÇOS
Em 2016, após o golpe contra a presidente Dilma Rousseff, o governo de Michel Temer definiu que a política de preços da Petrobras sofreria mudanças. A estatal estabeleceu então que os valores dos derivados de petróleo seguiriam o mercado internacional.
O International Parity Price (PPI) submete o que é cobrado nas refinarias brasileiras aos valores globais do barril de petróleo, praticados em dólares. A intenção da mudança era aumentar os lucros da Petrobras (beneficiando os acionistas) e reduzir o endividamento da estatal.
Para isso, a empresa deixou de controlar o preço do combustível internamente. As novas regras também previam reajustes pelo menos mensais.
ICMS
Na fala do presidente Jair Bolsonaro, os grandes vilões do aumento dos combustíveis são os estados brasileiros que ele acusa de usar a arrecadação do ICMS para aumentar a arrecadação.
Apesar de Bolsonaro acusar os governadores de “coleta de cérebros”, eles decidiram congelar a homenagem em novembro e, nesta semana, o congelamento foi prorrogado por mais 90 dias.
Mesmo assim, a Petrobras anunciou o maior aumento nos preços dos combustíveis em um ano.
O Congresso Nacional aprovou um projeto de lei que unifica a arrecadação em todo o território nacional. O texto já foi sancionado por Bolsonaro, e não entrará em vigor imediatamente.
Mas terá pouco efeito: a previsão é de que o impacto na queda do preço da gasolina seja de apenas 60 centavos, e do diesel, 30 centavos.
RÚSSIA E UCRÂNIA
Com o preço da gasolina e do diesel diretamente atrelados às variações do dólar e do mercado internacional, as crises internacionais têm efeito quase imediato no mercado brasileiro.
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia elevou o preço do barril de petróleo.
Após a invasão do território ucraniano, a União Europeia e os Estados Unidos definiram sanções ao gás e petróleo exportados pela Rússia, segundo maior produtor mundial. Com menos oferta no mercado, os preços subiram.
Diante de todos os fatores desse cenário e do mais recente reajuste anunciado pela Petrobras, o mercado já prevê que o último reajuste determinado pela Petrobras terá impacto de até 0,6 ponto percentual na inflação do ano.
Atualmente, o preço médio da gasolina está acima de R$ 7 por litro em 24 dos 27 estados brasileiros. Um litro de diesel custa mais de R$ 6 em 26 unidades da federação. O botijão de gás de 13 kg ultrapassou os R$ 100 em todas as regiões do país.
Fonte: O Petróleo