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PF investiga denúncias de abusos durante greve dos estivadores

Em meio à troca de acusações entre o Sindicato dos Estivadores (Sindestiva) e as empresas que compõem a Câmara de Contêineres do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp), sobre ameaças e coações de trabalhadores, a Polícia Federal investiga as denúncias e garante que adotará todas as medidas contra ações criminosas.

Os estivadores estão em greve por tempo indeterminado desde a última sexta-feira (1º), quando passou a vigorar a resolução do Tribunal Superior do Trabalho (TST) de 2015, que permite às empresas contarem apenas com profissionais vinculados – com carteira assinada.

Apesar de não ter havido conflito em frente a terminais ou invasão a navios, como já ocorreu no passado, os bastidores da relação entre Sindestiva e empresas é tenso.

O sindicato diz que os trabalhadores são coagidos e que os terminais usam profissionais de outras áreas no lugar dos estivadores. Do outro lado, há denúncias de que o Sindestiva e a categoria têm ameaçado os vinculados e os interceptado no percurso até os terminais.

A delegada da Polícia Federal, Luciana Fuschini, diz que as informações chegaram ao gabinete de crise da Comissão Estadual de Segurança Pública nos Portos, Terminais e Vias Navegáveis (Cesportos).

“O Nei [Rodnei Oliveira da Silva, o presidente do Sindestiva], disse que estavam acontecendo crimes, mas não foi constatada nenhuma irregularidade, naquele momento [da apuração], nos terminais que ele apontou”.

A delegada, porém, diz que o órgão tem identificado as ameaças relatadas pelas empresas que compõem a Câmara de Contêineres. “Os policiais estão identificando [os autores das ameaças] para qualificar essas pessoas e tomar as providências que tiverem que ser tomadas. Temos situações muito contundentes”.

Estivadores reclamam

De acordo com o presidente da categoria, o Nei da Estiva, as empresas ameaçam os profissionais vinculados de demissão caso participem da mobilização. Há, segundo ele, carros buscando os profissionais em casa, o que impede o direito à greve.

O sindicalista aponta que as empresas têm convocado mão de obra de outros setores para ocupar os postos dos estivadores. “É um crime de relação de trabalho. Estão colocando pessoas de outras atividades e funções no lugar. São da capatazia, de carregamento de materiais, caminhoneiros…”.

Segundo Nei, a greve continua por tempo indeterminado. O presidente diz que estão previstos novos protestos em frente a terminais. “Toda manifestação é informada antes e pacífica”.

Empresas denunciam

As empresas que compõem a Câmara de Contêineres do Sopesp dizem, por nota, que a greve é “irresponsável”. De acordo com o texto, os profissionais vinculados que não aderiram ao movimento têm sido ameaçados pela categoria e sindicato.

“Veículos das empresas que transportavam estivadores vinculados foram interceptados nas ruas e os colaboradores obrigados a interromper sua ida para o trabalho. Isso não é um movimento grevista. Isso é crime”.

As empresas dizem contar com a atuação das autoridades para garantir a lei e a ordem. “Não é possível que o maior Porto do Brasil esteja submetido a esses tipos de ações, num movimento contra a aplicação de uma decisão judicial”.

Fonte: A Tribuna

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