Petrobras tem apoio da Odebrecht para sair da Braskem via mercado de capitais, diz CEO
A Petrobras obteve apoio da Odebrecht para transformar a Braskem em uma empresa sem controle definido, facilitando assim uma futura venda de sua participação na petroquímica via mercado de capitais, disse o presidente da petroleira, Roberto Castello Branco.
O executivo ponderou, no entanto, que é preciso aguardar uma melhora do cenário econômico mundial para que as operações necessárias possam ser realizadas— atualmente, com a pandemia do novo coronavírus, a transação poderia não ser atrativa.
“Vejo que temos boa oportunidade na medida em que a economia mundial se recupere, a volatilidade baixe, então vamos ter condições de sair via mercado de capitais”, disse Castello Branco, ao participar de um evento online promovido pelo banco Credit Suisse.
A petroleira já havia anunciado desde o ano passado o interesse em listar a Braskem no Novo Mercado da bolsa paulista B3. Para isso, a petroquímica precisa ter apenas ações ordinárias em negociação, além de seguir uma série de regras de governança de alto nível.
“Vários obstáculos foram vencidos, até a posição da própria Odebrecht. Hoje temos um diálogo bem melhor do que tínhamos há cerca de seis meses”, disse o CEO da Petrobras.
Atualmente, a Odebrecht tem 38,3% da Braskem, com 50,1% das ações com direito a votos, enquanto a Petrobras tem uma participação total de 36,1%, com 47% das ações com direito a voto, segundo informações do site da companhia.
“A questão de Alagoas foi solucionada, acordo com os bancos, concordância da Odebrecht de levar a companhia para ser uma ‘corporation’, ter suas ações convertidas em votantes”, listou Castelo Branco, ao comentar os passos da Petrobras para viabilizar o desinvestimento de sua fatia na Braskem.
A Petrobras busca se desfazer da participação na petroquímica como parte de um amplo programa de desinvestimentos que busca reduzir a dívida e focar a empresa nas atividades de exploração e produção de petróleo em águas profundas.
A Odebrecht chegou a negociar a venda de sua parcela na Braskem para a fabricante de produtos químicos LyondellBasell Industries, operação que era aguardada pela Petrobras, que poderia aproveitar para se desfazer do ativo. No entanto, as negociações foram encerradas em junho do ano passado, sem sucesso.
O presidente da Petrobras disse ainda que diversos outros ativos estão no radar da companhia para desinvestimento.
Entre esses, ele destacou que a petroleira tem a expectativa de concluir ainda neste ano processos de venda dos 10% restantes de participação que detém nas companhias de gasodutos NTS e TAG.
Fonte: Reuters