Oil & Gas

Petrobrás decide construir mais duas plataformas no exterior e frustra novamente empresas brasileiras

O Petronotícias publicou uma entrevista especial com o Ministro de Minas e Energia, onde o Almirante Bento Albuquerque encheu de otimismo o empresário brasileiro do setor de óleo e gás, que se sente abandonado por  ser raramente contratado para fazer obras  para a Petrobrás. A preferência tem sido escolher empresas estrangeiras. Para as brasileiras, sobra uma obra aqui outra ali, mas sempre as menores. Apesar do chamamento ao otimismo,  o presidente da Companhia, Roberto Castello Branco, deu de ombros e virou as costas às orientações de seu chefe.

Ele é subordinado ao Ministro Bento, mas foi professor do Ministro Paulo Guedes, que lhe convidou para o cargo. E isso parece lhe dar um certo poder. E se depender dele, vai impor o que aprendeu e ensinou nos bancos da Universidade de Chicago: um liberalismo dos anos 60, que nem os Estados Unidos usam mais. Basta olhar a política do Presidente Donald Trump que fez a América voltar a crescer. É o liberalismo do farinha pouca, meu pirão primeiro.

Se depender de Castello Branco,  as empresas brasileiras vão continuar a comer o pão que o diabo amassou. Depois da decisão de conteúdo local zero para a Plataforma de Mero 3, ele indica ao Vice-Presidente do Sindicato da Indústria Naval, Sérgio Bacci, que as plataformas P-78 e P-79 (unidades próprias destinadas ao campo de Búzios) serão levadas para o mercado asiático. Esta decisão faz pensar qual será o legado que o presidente da Petrobrás deixará para sua história e para a história das indústrias da cadeia de petróleo do país.

Será que seus filhos e netos terão orgulho do pai e do avô que provoca o fechamento de inúmeras indústrias e o fechamento de milhares de empregos? O futuro, logo ali, dirá. Ele pode até estar bem intencionado falando que deve haver competitividade, mas esquece que para isso precisa de igualdade de condições. É o mesmo que exigir que o lendário Ayrton Senna vencesse uma corrida dirigindo um fusca contra Lewis Hamilton com a sua Mercedes.

Não se trata de política de direita ou esquerda ou de protecionismo, mas de desenvolvimento com experiência para que haja sobrevivência das nossas indústrias e de nossos profissionais. Para um bom professor, a matemática deveria merecer mais respeito. E no caso dos números do desemprego no país, ela é contundente. Só não é para aqueles que não querem ver. São dados oficiais: 14,1 milhões de desempregados5,9 milhões de desalentados30,3% da população ativa está subutilizada. Mas, se não dói em mim, ninguém deve sentir nada também. Só assim se pode compreender o lema de Castelo Branco. O país precisando de empregos e a companhia usa seus investimentos para se criar empregos aos milhares no exterior. É assim mesmo? Durante a campanha para a presidência, o partido do Presidente Bolsonaro usava esses argumentos contra seus adversários. Dizia-se que o dinheiro do contribuinte brasileiro era usado para construir obras fora do país. Há dois dias (11), a Ford anunciou a saída do país e o fim de 5 mil empregos. Duas plataformas criam mais de 8 mil empregos diretos e mais de 80 mil indiretos.

aqaqqaqaqaaaqaSergio Bacci lembra que já conversou no Ministério da Economia, no de Minas e Energia e até com o vice-presidente, General Hamilton Mourão: “A Petrobrás é mais do que 50% estatal. Se ela quer dar lucro para o investidor privado, pode optar por fazer a metade das plataformas no exterior a outra metade no Brasil, criando empregos. Não há condições de concorremos com os preços dos países asiáticos, porque as exigências daqui, não são aplicadas. Há um fracasso nessa política, mas eles não querem mudar a rota”, afirmou Bacci.

Na verdade, Castello Branco, não conhecia a empresa quando assumiu a sua presidência. Durante esses dois anos no cargo, demitiu, vendeu empresas, se desfez da maior distribuidora de combustível, dos maiores gasodutos do país, de fábricas de fertilizantes e não quer parar por aí. Quer vender também as refinarias. Forçou aposentadoria dos mais experientes profissionais da empresa e estabeleceu a política de focar apenas na produção dos campos do pré-sal. Será que  todas as petroleiras do mundo estão erradas e só a Petrobrás está certa?

No fundo, ele não conseguiu ter o respeito profissional dos funcionários  da empresa, em sua grande maioria. Internamente, sua arrogância torna-se piadas contadas pelos cantos, onde até recebeu o apelido de Chacrinha, por sua semelhança física e pelas trapalhadas de algumas decisões, como os cancelamentos de licitações depois de meses em que empresas de todo mundo investiam para elaborar suas propostas de venda de serviços. Nem isso trouxe qualquer constrangimento e nem o famoso “desculpe lá!”.

E que não se convide para a mesma mesa ele, os petroleiros sindicalizados e muito menos a Associação dos Engenheiros da companhia. A liderança que exerce da política do governo em privatizar  as empresas da Petrobrás, fez de Castelo Branco uma espécie de persona non grata para essas categorias. Ninguém pode dirigir uma companhia como a Petrobrás sem a mesma paixão que seus funcionários tem pela empresa.

A decisão da Petrobrás sobre contratar no Brasil as plataformas P-78 e P-79 seria uma grande oportunidade de se gerar um grande impacto na geração de empregos e renda no país, principalmente no setor naval brasileiro. Os estaleiros estão praticamente abandonados.  Roberto Castello Branco retirou o compromisso de políticas públicas que favoreciam o desenvolvimento do País. Devido à dificuldade de produzir igual ou ao menos similar à Ásia, seja por questões financeiras ou de impostos altos, exigências trabalhistas e exigências de QSMSRS, o Brasil não consegue ter uma regularidade. Não consegue ser competitivo.

A Petrobrás fala em redução de custo mas, ao mesmo tempo, vende como sucata duas plataformas já cortadas e que estavam prontas para ser montadas. A explicação para que isso aconteça assim seria interessante de ouvir. Mas este segredo é guardado a sete chaves. É verdade que não foi uma decisão tomada nesta administração, mas foi mantida por ela. Até hoje o Estaleiro Rio Grande, no Rio Grande do Sul, ainda não conseguiu se desfazer dos pedações dessas plataformas. São as contradições de uma companhia que tem todos os ingredientes para ser o motor da retomada dos negócios, mas que foi contaminada  por um sentimento ainda pior do que o Covid-19: a insensibilidade.

 

 

Fonte: Petro Notícias

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