Petrobrás anuncia reajuste de 39% no gás natural e distribuidoras temem perda de competitividade do produto
Para atual gestão da Petrobrás, vale a máxima de que “nada é tão ruim que não possa piorar”. No apagar das luzes da gestão de Roberto Castello Branco, uma nova facada no bolso do brasileiro. É uma despedida daquelas, que não deixará saudades em ninguém.
A empresa anunciou na manhã desta segunda-feira (5) um reajuste salgado de 39% nos preços de venda do gás natural para as distribuidoras. O novo preço passa a valer a partir de 1º de maio. O movimento de Castello Branco, que está a uma semana de deixar a presidência da estatal, parece ser mais uma provocação ao governo, forçando-o a agir e se desgastar com o mercado. Ao mesmo tempo, o reajuste é um balde de água fria na esperança da política de “choque de energia barata” prometida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
A Petrobrás justificou o aumento alegando que a variação de preço ocorreu por conta da aplicação das fórmulas dos contratos de fornecimento, que vinculam o preço à cotação do petróleo e à taxa de câmbio. “As atualizações dos preços dos contratos são trimestrais. Para os meses de maio, junho e julho, a referência são os preços dos meses de janeiro, fevereiro e março. Durante esse período, o petróleo teve alta de 38%, seguindo a tendência de alta das commodities globais. Além disso, os preços domésticos das commodities tiveram alta devido à desvalorização do real”, disse a estatal, em comunicado.
A empresa acrescentou também que houve um crescimento de 31% nos custos para o transporte do gás natural até o ponto de entrega às distribuidoras. E, por fim, a Petrobrás ainda declarou que ao longo de 2020, os preços do produto às distribuidoras chegaram a ter redução acumulada de 35% em reais e de 48% em dólares, devido ao efeito da queda dos preços do petróleo no início do ano.
DISTRIBUIDORAS DE GÁS: AUMENTO RETIRA COMPETITIVIDADE DO GÁS NATURAL
As reações sobre o anúncio começaram a surgir ainda na parte da manhã de hoje. A Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) emitiu nota dizendo que os “aumentos no preço do gás natural não trazem benefícios para as distribuidoras”. Na visão da entidade, esses reajustes acabam tirando a competitividade do combustível em relação às outras fontes de energia como a gasolina, óleo combustível, GLP (gás de botijão) e eletricidade.
“As distribuidoras estaduais não comercializam gás natural e os aumentos dados pela Petrobrás serão repassados para o consumidor sem que as distribuidoras tenham qualquer ganho decorrente desse aumento. Os ganhos das distribuidoras são regulados e definidos pelas agências reguladoras através da fixação das margens de distribuição”, afirmou a associação.
A associação também declarou que no valor da tarifa final paga pelo consumidor, o peso maior é o da molécula do gás vendida pela Petrobrás e a parte do transportador de gás natural. A Abegás diz que essas duas variantes equivalem, em média, a 59% do total pago pelo consumidor na conta de gás canalizado.
“Os tributos federais e estaduais representam 24% do total pago pelo consumidor final. As distribuidoras de gás canalizado ficam com 17% e com esse percentual realizam a manutenção dos ativos, os investimentos em expansão de rede e se remuneram pela prestação dos serviços de distribuição de gás natural canalizado”, concluiu a entidade.
Fonte: Petro Notícias