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Pesquisa mostra potencial do gás natural no Mato Grosso

Uma equipe do Fapesp Shell Research Centre for Gas Innovation (RCGI) realizou um estudo de viabilidade da substituição de óleo diesel, óleo combustível e eletricidade pelo Gás Natural, transportado como Gás Natural Liquefeito (GNL), no estado do Mato Grosso (MT). Esse GNL seria distribuído em pequena escala, conforme a premissa dos pesquisadores que participaram do projeto coordenado pelo professor Edmilson Moutinho dos Santos, do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE/USP).

Aplicando metodologias de estimativa de potencial de substituição e ferramentas de cálculo de custos de transporte de GNL, o grupo identificou o quanto essa energia poderia ser substituída pelo GN em três setores de atividade econômica: agropecuária, transporte e industrial.

“Concluímos que há um volume potencial de gás de 2,1 milhões de m3 por dia para substituição de diesel, óleo e eletricidade nos setores econômicos estudados, e a maior parte do volume potencial de substituição está na atividade agrícola. A eletricidade e o diesel são os mais propensos a serem substituídos, pois o consumo dessas fontes é bastante relevante e o custo do transporte de GNL se mostrou competitivo. Já a substituição do óleo combustível se mostrou menos competitiva, pois o preço e o volume consumido no estado do Mato Grosso são inferiores aos outros dois energéticos avaliados,” afirmou Dorival Santos Jr., um dos pesquisadores do projeto.

A maior taxa de substituição encontrada foi a do óleo diesel no setor agrícola (potencial para absorver aproximadamente 1.2 milhão de m³/dia, que poderia ser utilizado, entre outros, no processo de secagem do grãos); seguida pelo óleo diesel no setor de transportes (500 mil m³/dia). A ideia do estudo, segundo Santos, era responder a algumas perguntas, tais como: qual o tamanho dessa substituição, onde ela poderia ocorrer e qual seu custo, que inclui não somente a compra do gás, mas também os processos de liquefação do gás natural, o transporte em caminhões, estocagem e a regaseificação do GNL para consumo.

O gás natural em pequena escala é caracterizado conforme a capacidade das plantas de liquefação e regasificação. Por pequena escala, entende-se uma capacidade que vai de 320 mil m3/dia até 3,2 milhões m3/dia. (em caminhões com capacidade para transportar de 30 a 60 m3). Dividindo o estado em cinco mesorregiões, de acordo com a divisão oficial do IBGE, os cientistas imaginaram um ponto geocêntrico em cada uma delas, equidistante das unidades que representam as principais atividades econômicas locais e com acesso a rodovias. “Trabalhamos como se todo consumo energético acontecesse naqueles pontos, o que não é real, mas é uma estratégia para um primeiro approach de estimativa.”

Celeiro brasileiro – Segundo Santos, o Mato Grosso foi escolhido porque tem algumas particularidades. É o maior produtor de soja, de algodão, milho e carne bovina no Brasil. O PIB é o 13º entre as unidades federativas. E há um gasoduto de aproximadamente 280 km, denominado Gasoduto Lateral-Cuiabá, conectando a Bolívia até a capital do MT, Cuiabá. “É um ramal do Gasbol, com capacidade de transporte de aproximadamente 4 milhões de m³/dia, que sai da Bolívia e vai até o citygate de Cuiabá, onde existe uma Usina Termelétrica – a UTE Mário Covas, com capacidade de 400 MW.

Praticamente todo o gás que chega por esse ramal tem como destino abastecer a termelétrica, comprada em 2015 pelo grupo J&F e hoje em estado de hibernação, por conta de complicações judiciais.

A ideia do grupo do RCGI é que o gás natural chegue em Cuiabá via gasoduto, seja liquefeito ali mesmo no citygate, e de lá transportado por via rodoviária para os pontos escolhidos nas cinco grandes regiões do Estado. Para ser consumido, o gás ser deve ser regaseificado. “Essa regasieficação poderia acontecer tanto nos pontos centrais das cinco mesorregiões quanto diretamente nos estabelecimentos consumidores do gás”, explica Santos.

Para estimar o potencial de substituição do uso do GN no estado do MT, a equipe analisou o balanço energético do Estado divulgado pela Secretaria de Planejamento. “Hoje aproximadamente 60% do combustível consumido no MT é derivado do petróleo, que é adquirido de outros estados produtores. O fato de o estado ter uma relevante fronteira com a Bolívia, país com umas das maiores reservas de gás da América do Sul, e de já haver um gasoduto construído até a sua capital representa uma vantagem logística para o aumento local do consumo de gás natural. Lembrando que, além dessas prerrogativas logísticas, o GN tem vantagens ambientais frente aos demais combustíveis fósseis”, afirma Santos.

Fonte: TN Petróleo

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