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Para crescermos, precisamos construir nossa marca no Exterior, afirma superintendente de Relações Internacionais da CNA

Grupo de adidos agrícolas e representantes das embaixadas de Austrália, Burkina Faso, Chile, China, Egito, França, Irã, Japão e Singapura fizeram um roteiro de três dias até a última quarta-feira (3) para conhecer áreas de infraestrutura e logística – incluindo o porto de Rio Grande – e de produção de alimentos. Passaram pelas estâncias Santa Maria, em Bagé, e Guatambu, em Dom Pedrito. Conheceram ainda a indústria de arroz Engenho Coradini, também em Dom Pedrito.

A comitiva participou da 5ª edição do programa Intercâmbio AgroBrazil, promovida pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul). A superintendente de Relações Internacionais da CNA, Lígia Dutra, que acompanhou a missão, conta sobre a importância dessa aproximação dos estrangeiros para estimular parcerias técnicas e comerciais e ampliar as exportações brasileiras. Segundo a executiva, representações em Brasília recebem pedidos de importadores de seus países de origem para indicar vendedores e nem sempre eles têm esses contatos no Brasil.

Qual a importância de levar estrangeiros para conhecer a produção local?

Quando os embaixadores conhecem o Brasil, muitas ideias erradas sobre nossa forma de produzir vão por terra. O estrangeiro, ao conhecer nosso sistema produtivo, vê que é baseado em regras, atende a padrões internacionais e que temos uma diversidade de sistemas produtivos, dentro de um pilar de sustentabilidade.

Quais produtos gaúchos podem ganhar mais mercados?

Pecuária de carne e de leite e, especialmente genética animal, que é hoje um comércio de alto valor e que o Rio Grande do Sul pode se beneficiar. Em lácteos, há um projeto na CNA para exportação, e o Estado pode ser o carro chefe. Nas frutas, existe potencial de exportação de maçã, por exemplo. Temos ainda a piscicultura, que pode ter impacto positivo localmente. Outro é o arroz, cadeia tradicional, mas que não faz parte da lista dos principais produtos exportados. Vinho também é um foco, já que o Brasil tem qualidade, principalmente espumante e vinho branco. Mas, para crescermos, precisamos fazer nossa marca no Exterior. Nessa visita, conseguimos mostrar um pouco de como a gente vê a agropecuária e desmitificar questões. O grupo era eclético e interessado no nosso jeito de produzir. Ficou clara nossa diversidade de culturas, a sustentabilidade e a diversificação. Teve um lado esclarecedor, de ver desde a base até o porto de Rio Grande.

Quais os entraves do agronegócio nas exportações?

Quando saímos da propriedade, os desafios do custo Brasil são imensos. Tem de produzir sem subsídios, enfrentando todos os desafios de logística. Vamos precisar cada vez mais de outros mercados, e o Brasil se abre para um novo momento, para mais investimento, para crescimento e segurança jurídica e com capacidade de atrair investimentos. Todo esse movimento do governo federal para que o Brasil possa entrar na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) demonstra esse ímpeto de tornar o país mais estável economicamente, com reconhecimento internacional.

Afirmações do presidente sobre a China e a visita a Israel podem trazer prejuízos?

O presidente já falou que vai à China este ano, o vice-presidente vai participar de reunião da Cosban (Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação), a ministra da Agricultura vai à China, o presidente da China vem ao Brasil. Nunca tivemos tantas visitas presidenciais. Se teve algum dia qualquer desconforto, já passou. Estamos cada vez mais próximos da China, que é como tem de ser, é nosso principal parceiro. Em relação aos árabes, a mesma coisa. Há uma excelente parceria comercial com os países islâmicos, não só os árabes, que representam quase 18% das exportações do país. São importantes para proteína animal e onde temos potencial de aumentar e diversificar na fruticultura, lácteos e arroz. Alguns árabes têm interesse também pelas pulses, como ervilha e grão de bico, que produzimos pouco, mas que temos capacidade para ampliar.

Quais os resultados alcançados em dois anos de programa?

O projeto fortalece laços para apoio de embaixadas a projetos de cooperação técnica e financeira que beneficiam produtores brasileiros. Permite uma aproximação comercial, já que muitas representações em Brasília recebem pedidos de importadores de seus países de origem para indicar vendedores e nem sempre eles têm esses contatos no Brasil.

Qual o foco do AgroBrazil?

Aumentar e diversificar nossas exportações. Assim, conseguiremos inserir pequenos e médios produtores no processo. Exportamos basicamente 10 produtos. Queremos mostrar o que produzimos com excelência, como soja, milho, pecuária e, além disso, que temos muito mais para oferecer.

Fonte: GaúchaZH

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