Jornal Multimodal

O impacto positivo da logística reversa no negócio e na sustentabilidade

Entender como a operação deve ser aprimorada para gerar menos resíduos e materiais que têm o aterro sanitário como destinação final é compromisso ambiental inadiável e se conecta com a saúde financeira das corporações.

As empresas que ainda não entenderam a dimensão do impacto das suas operações no meio ambiente estão, no mínimo, desatualizadas no debate sobre sustentabilidade. Saber o quanto o desenvolvimento dos produtos e serviços consome de matéria-prima e água ou geram de emissões de carbono e resíduos, atualmente, é tão importante quanto compreender como ele mobiliza a cadeia produtiva, o mercado e os consumidores finais.

Não é de hoje que sustentabilidade deixou de ser tema complementar. Entender como a operação deve ser aprimorada para gerar menos resíduos e materiais que têm o aterro sanitário como destinação final é compromisso ambiental inadiável, que também se conecta com a saúde financeira das corporações.

Mapear e atuar sobre os recursos que podem retornar para a empresa para serem reaproveitados ou recondicionados e quais podem ser reciclados e voltar para a cadeia produtiva também são sinônimo de economia.

É por isso que a logística reversa ocupa um espaço cada vez maior na pauta dos executivos das grandes companhias. Pensar em soluções que retornem insumos para a esteira de produção, reduzindo a necessidade de compra de matéria-prima e, ainda, garantindo o reuso é uma estratégia potente para empresas de qualquer setor.

Para alguns segmentos, como o de Bebidas, aliás, isso já é parte vital do negócio. O alto custo envolvido na produção do alumínio incentiva a reutilização do material pelas empresas do setor, o que explica a elevada taxa de reciclagem da lata de alumínio no país: 98%, de acordo com a Abralatas (Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio). Assim que foi estabelecida, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305, de 2010), determinou que diversos setores implementassem sistemas de logística reversa de produtos e embalagens pós-consumo com o objetivo de priorizar e estimular um novo ciclo de aproveitamento de insumos.

Aqui na Vivo, muito antes desse marco legal, a logística reversa de eletrônicos já ocupava espaço importante como contribuição para a economia circular, e isso tem se expandido de maneira significativa. Atualmente, somos responsáveis por reciclar mais de 15 mil toneladas por ano, falando apenas de materiais de infraestrutura, como cabos, aparelhos, materiais metálicos, plástico, entre outros, que voltaram para a Vivo por meio das equipes técnicas e pelo trabalho longevo e contínuo de campanhas voltadas ao cliente final. Esse volume representa o equivalente ao peso de 10 mil a 15 mil veículos de médio porte reciclados por ano.

Para se ter uma ideia, só entre janeiro e setembro de 2023, foram recuperados 850 mil aparelhos do serviço de fibra, como modens de banda larga e decodificadores de TV coletados junto aos clientes, evitando o descarte na natureza e novas demandas por recursos naturais.

Os aparelhos que não podem ser recuperados são direcionados para o Vivo Recicle e se tornam matéria-prima para a indústria. Para ampliar o alcance do programa de reciclagem, também utilizamos a inteligência artificial para contatar os clientes e oferecer opções para a coleta dos equipamentos ou devolução em loja – para aparelhos Vivo ou qualquer tipo que tiver, inclusive de outras operadoras. Mais recentemente, incluímos os Correios como opção de devolução, fornecendo gratuitamente um e-ticket para postagem.

A logística reversa da Vivo conta, ainda, com o suporte da plataforma de blockchain que controla e rastreia toda a cadeia de supply chain, da fabricação de equipamentos que transmitem a tecnologia da Vivo até a entrega na casa do cliente, o que ajuda a dar visibilidade para a área de logística reversa sobre o volume de aparelhos que poderá ser retirado e retrabalhado no futuro.

O momento atual é muito oportuno para o avanço da logística reversa no setor de tecnologia e eletrônicos. E a pressão por mudanças nas operações das empresas, independentemente do segmento, estimula o surgimento de pesquisas e de novos parceiros com soluções técnicas capazes de tratar mais tipos de materiais, segregar os componentes e dar uma reciclagem adequada para cada tipo.

Essa logística tem se profissionalizado, evoluído e hoje, é mais viável para qualquer empresa estruturar sua logística reversa utilizando tecnologias como o blockchain. Mas ainda há um longo caminho a ser trilhado. Mesmo bem consolidado, sabemos que o sistema de logística reversa ainda pode acomodar muitas inovações, endereçadas pela atuação sustentável das empresas e acompanhando a evolução na compreensão sobre esse reaproveitamento de recursos. Na Vivo, estamos atentos e abertos à essa evolução.

Até porque o tema avança para outras searas além da área operacional. Os consumidores estão de olho na movimentação das marcas por mudanças que impactem positivamente o planeta, e dispostos a orientar suas escolhas de consumo de modo a apoiar, boicotar as marcas usando a régua do impacto ambiental do produto ou serviço ofertado. Pesquisa da Bain & Company com consumidores mostrou que mais de 70% deles, por exemplo, estão dispostos a pagar um valor mais alto (de 10% a 25%) pela sustentabilidade, mesmo entre níveis de renda mais baixos.

Assim, além de apoiar a estratégia de sustentabilidade e de garantir financeiramente o negócio, a implementação de sistema de logística reversa conecta-se também à reputação das empresas. Quem prioriza o investimento em estudo técnico e operacional nessa área já sabe disso. E o seu negócio, em que etapa está nessa jornada?

 

 

 

Fonte: * Caio Guimarães é diretor de Patrimônio, Compras e Logística da Vivo.

* Leandro Stumpf é diretor de Logística da Vivo.

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