Novo CEO da Petrobras quer acelerar produção e diz que parcerias são bem-vindas
A Petrobras permanecerá com foco voltado para a exploração e produção de grandes campos de petróleo em águas profundas e buscará acelerar a extração, afirmou o novo presidente da petroleira, Roberto Castello Branco, acrescentando que as parcerias serão bem-vindas durante a sua gestão.
Em cerimônia de posse no cargo, o executivo ressaltou que “o relevante é ser forte e não ser gigante” e declarou que monopólios são “inadmissíveis” em sociedades livres. Mas ele também disse que a privatização da holding Petrobras não está em pauta.
“Diante da preocupação com a mudança climática e a tendência de eletrificação, vamos acelerar a produção de petróleo para que nossas reservas tenham o melhor aproveitamento possível”, afirmou Castello Branco, destacando que essa será uma prioridade.
Pelo plano de negócios atual, a produção de petróleo da empresa no Brasil deverá superar 2,8 milhões de barris ao dia, em média, em 2023, ante 2,1 milhões de barris esperados para 2018.
“Parcerias serão sempre bem-vindas, principalmente pela extraordinária oportunidade de troca de ideias e experiências. Humildade é uma virtude, temos que ser humildes para reconhecer nossos erros e aprender com a experiência de outros.”
Sobre desinvestimentos e parcerias, ele disse ainda que a sua administração buscará manter diálogo aberto e transparente com os órgãos governamentais, para que os processos sejam facilitados.
Com pós-doutorado pela Universidade de Chicago e extensa experiência nos setores público e privado, Castello Branco já ocupou cargos de direção no Banco Central e na mineradora Vale, fez parte do Conselho de Administração da Petrobras e desenvolveu projetos de pesquisa na área de petróleo e gás. A Universidade de Chicago, também frequentada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, presente em sua cerimônia de posse, é considerada uma instituição de linha liberal.
Nesta direção, ele disse que a empresa vai se guiar pelo livre mercado nos preços de combustíveis.
“Meu discurso foi em sintonia tanto com ministro (Bento Albuquerque) quanto com diretor-geral da ANP, Décio Oddone. A Petrobras seguirá preço de paridade internacional, sem subsídios e sem exploração de poder de monopólio. Nós somos amantes da competição e detestamos a solidão dos mercados, teremos companhias, queremos competir”, afirmou.
REDUÇÃO DE DÍVIDA
Segundo o executivo, a empresa precisa ser forte executando com excelência suas atividades. “O foco tem que ser nos ativos em que a Petrobras é dona natural, aqueles em que é capaz de extrair o máximo de retorno possível. A competência principal da companhia é na exploração e produção de grandes campos de petróleo em águas profundas e ultraprofundas”, afirmou. No caso de campos maduros terrestres e de águas rasas, assim como ativos de “midstream” e “downstream”, o executivo afirmou serão avaliados desinvestimentos.
Os valores obtidos com vendas de ativos serão prioritariamente destinados para abatimento de dívida e financiamento de investimento em ativos essenciais.
Já na área de gás natural, Castello Branco afirmou que ainda há um caminho a percorrer.
“A Petrobras é dominante na cadeia produtiva (de gás), desde a produção à comercialização, tal situação não é boa para a economia brasileira nem tampouco para a companhia, justamente por ser excessivamente confortável”, afirmou ele, ressaltando que a produção de gás tende a aumentar muito, à medida que novos poços do pré-sal entrem em operação.
Sobre o atual plano de negócios, aprovado na gestão anterior, ele disse que em princípio o programa é bom, mas vai avaliar se será necessária alguma mudança. O executivo declarou que ainda que a visão estratégica da empresa terá cinco prioridades: gestão de portfólio; minimização do custo de capital e busca incessante por custos baixos e eficiência; meritocracia; segurança do trabalho; e proteção do meio ambiente.
Castello Branco também afirmou que a empresa passou por um processo de recuperação após a Operação Lava Jato, mas ressaltou que ainda há muito a ser feito. “A Petrobras de hoje é muito melhor do que a de 2015, mas ainda há muito o que fazer, foi salva do rebaixamento da segunda divisão, mas ainda há muito o que fazer para ser uma campeã. Uma nova era se inicia”, afirmou, ao lembrar do período em que atuou como conselheiro da companhia, quando a estatal sofria os efeitos das investigações.
Fonte: Reuters