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Modern Logistics almeja levantar capital para renovação de sua frota aérea

Como já havíamos anunciado no mês passado, a brasileira Modern Logistics está de olho na renovação de sua frota, almejando introduzir novos Boeing 737 Next Generation, e até turboélices ATR-72 cargueiros, que acessariam mercados que não poderiam ser explorados pelos Boeings.

Mais recentemente, em entrevista por telefone à Ch-Aviation, o fundador e presidente da companhia, Gerald Lee, disse que está planejando lançar uma nova rodada de levantamento de capital ainda este ano para financiar o crescimento de sua frota futura.

“Podemos crescer sem necessariamente aumentar a frota, apenas otimizando processos, mas estamos chegando ao ponto em que vamos aumentar nossa frota. Nossa ideia é trazer alguns aviões regionais, para criar mais capilaridade, e continuar a crescer com a frota de Boeing 737″, disse ele.

Ele ressaltou que a Modern Logistics tem uma abordagem conservadora para o crescimento e ainda tem oportunidades inexploradas sem adicionar mais aeronaves. A operadora cresceu mais de 80% em termos de receita em 2020 e já está cerca de 200% acima neste ano, em relação a 2019.

Lee enfatizou que o crescimento não estava relacionado à demanda específica do COVID, embora a companhia aérea estivesse envolvida em algumas operações de carga médica. O núcleo dos ganhos, no entanto, veio da crescente demanda por serviços logísticos multimodais integrados, incluindo transporte aéreo.

O executivo acrescentou que o plano de frota da Modern Logistics estava intimamente relacionado ao seu modelo de negócios, que é construído em torno de cadeias logísticas de criação de valor de longo prazo, em vez de transporte de carga pontual. Dessa forma, a empresa brasileira priorizou a sustentabilidade e a lucratividade de longo prazo em detrimento do ramp-up de curto prazo, embora haja ampla demanda no mercado.

“Não quero gastar horas em aeronaves e negociar o dinheiro dos meus investidores por uma margem de 4% que não está criando nenhum valor. Recusamos negócios o tempo todo, não temos um problema de demanda”, disse Lee.

À luz do seu modelo de negócio, a Modern Logistics possui um plano de frota flexível que se adapta às oportunidades de mercado, em vez de picos momentâneos de procura. Lee disse que alguns dos cenários dobrariam ou mais a frota da companhia aérea no curto prazo, mas ressaltou que também há outras opções. Ele não forneceu nenhum número específico.

“Sairemos e compraremos mais aeronaves – estaremos preparados para o crescimento – mas, paralelamente, levantaremos mais capital. Faremos um aumento de capital este ano para financiar o crescimento, para melhor servir aos clientes existentes e integrar novos em nossa plataforma, e para expandir nossa plataforma Mojo (mercado de logística online)”, disse Lee.

A transportadora brasileira opera atualmente dois Boeing 737-300F (locados da Automatic Leasing e KV Aviation) e dois Boeing 737-400F (arrendados da AerSale e da Vx Capital Partners).

Lee sublinhou que a Modern Logistics estava tentando trabalhar com seus vários clientes para criar valor em toda a cadeia logística. Como tal, não se pensa como uma transportadora de cargas, mas sim como uma empresa de logística integrada, que trabalha com, entre outras, 14.000 transportadoras rodoviárias certificadas. Lee enfatizou que tal modelo de negócios é muito mais resistente à volatilidade do mercado e, consequentemente, permite que a companhia aérea planeje o futuro de forma mais confiável.

“O que realmente estamos fazendo é aumentando a eficiência da rede que faltava ao país… Somos infraestrutura. Estamos em um país onde ainda apenas 15% das estradas são asfaltadas. Então, as coisas levam um tempo tremendo para transportar (por estrada), não há distribuição eficiente. As ineficiências institucionais são uma boa parte do motivo pelo qual as coisas são tão caras aqui”, disse Lee.

A crise econômica relacionada à COVID forneceu um impulso extra, pois as empresas precisam reduzir seus custos.

A Modern Logistics planeja expandir seu mercado e abrir-se a novos clientes e fornecedores de fora da indústria. Lee enfatizou que a empresa está preparada para trabalhar em conjunto não apenas com empresas de transporte rodoviário e terrestre, mas também com outras companhias aéreas.

“Não somos concorrentes. Se a Azul Linhas Aéreas Brasileiras Cargo quiser voar mais barato, eu voarei com eles. Quero criar as soluções mais eficientes”, frisou Lee.

No futuro, a Modern Logistics também analisará a expansão internacional. Lee disse que as mesmas ineficiências que afetaram o mercado interno brasileiro foram ainda mais pronunciadas no mercado internacional. No entanto, ele enfatizou que esta expansão não implicaria necessariamente em voos próprios da Modern Logistics, mas sim em uma melhor integração com os serviços existentes operados por outras companhias aéreas.

 

 

Fonte:  Modern Logistics

 

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