Ministro Tarcísio Freitas apresenta objetivos da pasta para infraestrutura e agronegócio em reunião de Conselhos Superiores
A reunião dos Conselhos Superiores do Agronegócio (Cosag), da Infraestrutura (Coinfra) e da Indústria da Construção (Consic) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) desta segunda-feira (2/3) teve como tema a infraestrutura para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro. O presidente da Federação, Paulo Skaf, esteve na abertura, dando as boas-vindas aos novos conselheiros, ao ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas e aos demais participantes.
O ministro da infraestrutura foi um dos palestrantes do dia e contou que entre os objetivos de sua pasta estão concessões, conclusão de obras paradas, além do fortalecimento da regulação. “Os contratos de concessão são incompletos. Conseguimos ver o início e não o final, por isso precisamos de contratos com bons mecanismos de resolução de conflitos. A agência precisa estar apta para operar estas regras. Precisamos também fazer o reequilíbrio da matriz de transporte”, observou.
Em 2019, foram feitos 27 leilões de ativos de concessão. Para 2020, estão previstos entre 40 e 44 ativos leiloados. “Com certeza, várias dessas concessões terão grande importância para o agronegócio. Infraestrutura é questão de longo prazo e precisa ser encarada como questão de estado”, disse.
O meio ambiente também passa a ser uma preocupação dentro dos projetos, segundo avalia Tarcísio. “Os projetos já nascem com selo verde. Um projeto modelo é o da Ferrogrão. Para se ter uma ideia, 22 milhões de toneladas que saem do Mato Grosso do Sul chegam ao porto de Santos por ferrovias. Vamos ter a ligação do Porto de Itaqui ao de Santos via ferrovia. Tenho certeza que vamos ligar o arco norte ao resto do país via ferrovia. Vamos tirar milhares de toneladas de CO² das ruas”, contou.
Além disso, Freitas contou ainda que o plano de zoneamento do porto de Santos fará com que ele seja dividido por cluster de cargas. “Uma parte do porto será servida por ferrovias”.
Quanto a hidrovias, Tarcísio contou que trouxe o corpo de engenheiros do exército americano, que são gestores nessa área, para fazer um estudo sobre as hidrovias do Brasil.
Só no sistema ferroviário devem ser injetados entre R$ 30 bilhões e R$ 40 bilhões nos próximos 5 e oito anos. “Vamos impulsionar a cabotagem, hidrovia, ferrovia. Vamos ter uma infraestrutura completamento diferente com aquilo que está sendo feito, projetado e plantado neste momento. No setor portuário, esperamos fazer 15 leilões de arrendamento este ano”, concluiu.
Também presente na reunião, João Alberto Abreu, presidente da Rumo, lembrou que o Brasil deve ter, novamente, uma safra recorde de soja este ano, com crescimento de todas as commodities. “O etanol de milho vai consumir este ano do mercado interno 6 milhões de toneladas de grão para produzir quase 2 bilhões de litros. Mais uma vez a infraestrutura deve se adaptar aos novos produtos. A Rumo deve investir R$ 6 bilhões na malha ferroviária”, contou.
Ernesto Pousada, presidente da VLI, foi outro palestrante da reunião e disse acreditar na integração total de porto, ferrovias, terminais até o campo. “Investimos R$ 9 bilhões nos últimos cinco anos. Mais de 50% do nosso negócio está conectado ao agro. Pelas nossas ferrovias e portos transportamos cerca de 17% da soja exportada pelo país e 16% do milho; 34% do açúcar pelo porto de Santos e 13% do fertilizante importando passou pelo nosso sistema. Cada vez mais as grandes distancias são feitas o transporte é feito pelas ferrovias”, disse.
Por fim, José Vicente Caixeta Filho, coordenador do grupo de pesquisa e extensão em logística agroindustrial da Esalq Log, trouxe alguns números de produção do setor. Só de graneis sólidos, são produzidos anualmente mais de 240 milhões de toneladas de soja e milho. “Juntando outras cargas, temos uma produção anual de mais de 1 milhão de toneladas. Não é à toa esse desafio logístico pelo qual passa o país. Considerando o movimento de caminhões, são 40 milhões de viagens por ano”, contou.
Caixeta Filho argumentou ainda há baixa capacidade de armazenamento, quando comparado com outros mercados. “Precisamos de mais ferrovias, hidrovias e também rodovias. Precisamos de um projeto logístico de infraestrutura que seja assumido pelo estado e não pelo governo. Temos muitas cargas para ser movimentada, por isso precisamos de investimentos. A legislação que vai estar por trás é importante para essa agenda mínima de estado”, finalizou.
Fonte: FIESP