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Lucro da CCR cai 19%, mas o pior ainda está por vir

A CCR, que opera concessões de rodovias, aeroportos e metrôs, teve uma queda de 19,1% em seu lucro líquido no primeiro trimestre deste ano, que chegou a R$ 289,7 milhões. O desempenho é ainda pior se considerada a mesma base de comparação do ano anterior, excluindo a concessionária ViaSul, que começou a operar em janeiro de 2019. Neste caso, a redução passa a 29,2%.

Apesar da retração vista já no início do ano, é a partir de abril que a companhia passará a sofrer mais com os graves impactos da pandemia do covid-19, afirma Marcus Macedo, gerente de relações com investidores da CCR.

A queda no lucro no primeiro trimestre foi fruto, em grande parte, de uma questão contábil, que já vem prejudicando os resultados dos últimos trimestres e que deverá permanecer até o fim do ano. O motivo é o efeito da depreciação em concessões que estão em fase final, como a NovaDutra e a RodoNorte, diz ele.

No período, a geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado cresceu 6,1%, para R$ 1,46 bilhão. Descontada a ViaSul, a alta cai para 0,2%.

As medidas de isolamento social começaram a aparecer nos resultados apenas a partir de meados de março. Mesmo em poucas semanas, o efeito ajudou a piorar os resultados.

O tráfego consolidado da CCR no trimestre teve alta de 4,2%. Excluindo a ViaSul, porém, o fluxo passa a apresentar uma diminuição de 1,4%, já refletindo a crise.

Desde então, o cenário se agravou consideravelmente. O último boletim divulgado pela empresa aponta que, no acumulado do ano até 7 de maio, houve uma redução de 4,5% no fluxo das rodovias da empresa. No caso de aeroportos, a queda é de 25,9% e, em mobilidade urbana, 33,8%.

Para Macedo, já há uma estabilização da retração, embora em patamar preocupante. No caso de metrôs, a queda nas últimas semanas de crise ficou na faixa dos 75% e, em aeroportos, em 97%.

Ainda é difícil estimar qual foi o rombo total provocado pela pandemia da covid-19 até agora, afirma. “O impacto não é só a queda. É também o crescimento que deixou de acontecer.”

Ele afirma que ainda é cedo para falar em reequilíbrio econômico-financeiro dos contratos. “É algo que ocorrerá mais para frente. Neste momento, é preciso conversar sobre o que é preciso para passarmos a crise com o menor impacto possível”, avalia.

Diante das incertezas, a CCR tem se preparado para preservar seu caixa. Parte das obras previstas têm sido adiadas, mas ainda dentro do prazo dos contratos.

“Uma das medidas foi a priorização dos investimentos, que podem ser postergados sem prejuízo do que está previsto no contrato. Caso a situação não melhore, aí sim teremos que avaliar com o poder concedente para, possivelmente, empurrar os investimentos”, diz.

A companhia também aderiu a medidas de apoio oferecidas pelo governo, como a suspensão dos pagamentos de dívidas com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), entre abril e setembro, além da redução de 25% do salário de cargos de liderança, e da suspensão de contratos de trabalho de funcionários do grupo de risco.

Além disso, o grupo decidiu antecipar operações de crédito no mercado de capitais que estavam programadas para 2020. Em abril, a CCR captou R$ 700 milhões, com vencimento de aproximadamente um ano, além de outro R$ 1,2 bilhão por meio de quatro de suas concessionárias.

“Obviamente, não é o mesmo mercado de antes da crise. Está mais curto, mais caro e mais escasso”, afirmou Macedo.

Em relação ao novo contrato da BR-101, em Santa Catarina, arrematado em fevereiro, ele diz que a assinatura do contrato deve ter atraso de 20 dias, mas que está prevista para junho.

 

Fonte: Valor

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