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Lucro da BP dispara com preços mais altos do petróleo em dez anos

A BP é a mais recente gigante do setor do petróleo a se beneficiar dos maiores preços do petróleo em mais de uma década, apresentando um forte lucro no segundo trimestre, impulsionado por maiores margens em produção de combustíveis e negociação de petróleo.

A companhia britânica divulgou que seu lucro líquido foi de US$ 8,5 bilhões, comparado a uma previsão média de US$ 6,8 bilhões, segundo 28 analistas consultados pela BP, e ante US$ 2,8 bilhões no ano anterior.
As maiores companhias do setor de petróleo e gás estão “nadando” em dinheiro com a recuperação da economias no pós-pandemia em meio a superação na demanda de gás natural e combustíveis ante a oferta. A invasão da Ucrânia pela Rússia adicionou mais um elemento de pressão, especialmente na Europa, onde os países correm para substituir o gás russo.

Os números da BP vêm na sequência da ExxonMobil, Chevron e Shell, as três principais petrolíferas do Ocidente, apresentarem um lucro conjunto de US$ 46 bilhões na última semana. Margens historicamente altas em refino de combustíveis sucederam os cortes na produção em meio à desaceleração da demanda na pandemia.

As grandes companhias usaram parte desses robustos lucros para premiar acionistas. No segundo trimestre, a BP aumentou seus dividendos em 10% e disse que está no caminho do seu plano de elevar dividendos em cerca de 4% até 2025. A companhia vai recomprar US$ 3,5 bilhões até o fim do terceiro trimestre, além das recompras de US$ 3,9 bilhões que já fez.

As grandes companhias de petróleo enfrentam pressão política no Estados Unidos e na Europa por conta dos altos lucros nos ombro de consumidores que pagam caro por combustíveis nos postos ou aquecimento em sua residências. Executivos afirmam que os lucros estão as ajudando a transicionar seus negócios para energia renovável de baixo carbono, mas os lucros desses negócios continuam pequenos.

A organização Friends of the Earth, uma crítica frequente dos lucros das companhias petrolíferas e da expansão na produção de combustíveis fósseis, disse que os resultados da BP mostram que o governo precisa aumentar impostos nessas empresas para ajudar a população com os aumento nas despesas.

As empresas do setor vêm expandindo retorno aos acionistas, favorecendo aumentos em dividendos e recompras, ante investimentos no aumento da produção de petróleo e gás. A estratégia conservadora reflete os temores com recessão que vai atingir a demanda por combustíveis, com a desaceleração da economia já aparecendo nos preços futuros do petróleo e da gasolina.

Os resultados desta terça-feira mostram que a BP se recuperou após prejuízo no primeiro trimestre, impactados pela decisão de deixar os seus negócios na Rússia. A empresa realizou uma baixa contábil de US$ 25,5 bilhões, incluindo sua participação na estatal Rosneft. O impacto puxou o resultado da companhia como um todo para baixo. Mas a empresa disse à época que o movimento não mudaria sua estratégia de distribuir dividendos e reduzir dívida.

No segundo trimestre, a companhia destacou que a forte performance em negociação de petróleo foi compensada parcialmente por menores lucros em gás natural, prejudicado por uma parada estendida na planta de Freeport, no Texas. A parada causou uma queda significativa nos volumes de gás que a BP está recebendo.

A corrida da Europa para achar novos fornecedores de gás natural antes do inverno levou companhias como Shell e BP a reduzirem seu uso próprio da commodity. Ben van Beurden, diretor-presidente da Shell, disse na última semana que a companhia reduziu em 40% ou mais o uso de gás em refinarias e complexos químicos na Holanda e Alemanha.
O diretor-presidente da BP, Bernard Looney, disse em entrevista hoje que a companhia reduziu o uso de gás em refinarias em 50% nos últimos meses, até agora sem afetar a produção.

Os executivo da BP dizem que os preços elevados de petróleo devem continuar no terceiro trimestre e que a companhia está investindo em sustentar ou aumentar os níveis de produção, incluindo no Golfo do México. Uma nova lei ambiental nos Estados Unidos dá esperança a eles de que o governo vai emitir novas licenças para perfuração de poços no local.

 

 

 

Fonte: Valor

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