Importações de óleo de soja atingem a maior alta em 20 anos
As importações de óleo de soja do Brasil de janeiro a agosto dispararam para uma alta de mais de 20 anos em meio ao aumento dos preços domésticos, um corte na produção e uma regulamentação local que permite a importação de matérias-primas para a produção de biodiesel.
No ano, até 31 de agosto, o Brasil importou 86.130 toneladas do óleo vegetal, o maior volume no período desde 110.530 toneladas em 1999, segundo dados do Ministério da Agricultura. Como comparação, nesta época em 2020 o Brasil importou apenas 22.119 toneladas.
Até agora, em 2021, a Argentina foi o maior fornecedor de óleo de soja para o Brasil, respondendo por 55% de todas as compras brasileiras, seguida pelo Paraguai, com uma participação de 42%. Os três países fazem parte do bloco comercial do Mercosul.
Em 14 de setembro, fontes disseram que um produtor brasileiro de biodiesel finalizou a importação de 15.000 toneladas métricas de óleo de soja argentino para embarque em setembro, sem maiores detalhes como preços divulgados.
Segundo os participantes, essas importações acompanham a alta dos preços internos do óleo de soja, acima da paridade de exportação em alguns casos. A S&P Global Platts avaliou em 14 de setembro o preço do óleo de soja FOB Paranaguá para outubro em US $ 1.317,04 / mt, um aumento de mais de 50% no ano.
“Os produtores de biodiesel têm prestado atenção a isso, então, quando o óleo de soja argentino é mais barato [do que o nacional], eles importam”, disse um trader brasileiro. O óleo de soja é a principal matéria-prima para a produção de biodiesel no Brasil.
No final de 2020, a agência reguladora do petróleo e biocombustíveis do país, ANP, autorizou o uso de matérias-primas importadas para a produção de biocombustíveis em um momento semelhante de alta nos preços internos do óleo vegetal.
A decisão acabou abrindo caminho para o aumento nas importações de óleo de soja este ano, disseram as fontes. A maior parte das compras ocorreu no primeiro trimestre, seguindo o novo regulamento. Depois disso, a safra de soja do país acelerou, aumentando a oferta de oleaginosas para a produção de óleo de soja.
Além disso, a produção brasileira de óleo de soja deverá ser menor este ano em meio a contratempos no mandato local de biodiesel. A mistura obrigatória ao diesel começou em 2021 em 12%, foi elevada para 13% em março e deve permanecer assim até março de 2022.
Mas temendo o impacto da alta dos preços do biodiesel na inflação, o governo cortou a mistura para 10% de maio a agosto, aumentou para 12% em setembro-outubro e vai reduzir novamente para 10% em novembro-dezembro.
Os requisitos mais baixos de biodiesel têm um efeito direto na produção de óleo de soja, pois os trituradores podem ser desencorajados a operar as operações e, subsequentemente, a produzir óleo de soja e farelo de soja.
A associação brasileira de esmagadores de sementes oleaginosas Abiove prevê que o Brasil produza 9,40 milhões de toneladas de óleo de soja este ano, em comparação com 9,56 milhões de toneladas em 2020. A moagem de soja está estimada em 46,50 milhões de toneladas, contra 46,85 milhões de toneladas no ano anterior, mesmo com a produção de soja 7,7% superior em 137,90 milhões de toneladas.
Os números da Abiove devem ser ajustados nas próximas semanas, uma vez que ainda não refletem o corte no mandato do biodiesel para novembro-dezembro, disse a associação.
Fonte: O Petróleo