Governo anuncia investimento de R$ 4,5 bilhões para escoamento da safra
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Ministério de Portos e Aeroporto apresentou medidas para reduzir custos logísticos, com investimentos em infraestrutura portuária, rodoviária e ferroviária para otimizar o escoamento da safra de grãos 2024/2025.
O Governo Federal anunciou um conjunto de medidas estratégicas para reduzir custos logísticos e otimizar o escoamento da safra de grãos 2024/2025, com investimentos na infraestrutura portuária, rodoviária e ferroviária do país. Segundo o Ministério de Portos e Aeroportos, o plano, que integra o Novo PAC, tem como objetivo garantir o transporte eficiente da produção agrícola, estimada em 322,47 milhões de toneladas.
No setor portuário, os principais produtos agrícolas transportados incluem soja (120 milhões de toneladas), milho (50 milhões de toneladas) e fertilizantes (40 milhões de toneladas). Na Região Norte, o governo prevê R$ 850 milhões para a construção e modernização de terminais nos portos de Porto Velho (RO), Santarém (PA) e Santana (AP), além da ampliação do Porto de Porto Velho, recuperação do cais flutuante e renovação do contrato de arrendamento do terminal da Cargill Agrícola S.A. no Porto de Santarém.
Na Região Sul, os investimentos totalizam R$ 1,25 bilhão, contemplando obras de ampliação, adequação e modernização no Porto de Paranaguá (PR). Entre as ações previstas, destacam-se a otimização da moega ferroviária, adequações rodoviárias e de acesso ferroviário, melhorias no sistema de iluminação e sinalização viária, remodelação do sistema de água e esgoto e substituição do sistema de pesagem na portaria central.
De acordo com o Governo Federal, as concessões previstas para o setor portuário entre 2024 e 2026 somam R$ 20 bilhões, abrangendo 50 empreendimentos. Para 2025, os investimentos projetados somam R$ 8,54 bilhões, com destaque para o arrendamento do TECON Santos 10, no Porto de Santos (SP), com R$ 4,5 bilhões, e a concessão do canal do Porto de Paranaguá (PR), estimada em R$ 1,07 bilhão.
Em 2026, os investimentos devem chegar a R$ 5,91 bilhões, abrangendo 21 empreendimentos, entre eles o IQI15 no Porto de Itaqui (MA), com R$ 1,56 bilhão, e o VDC10 no Porto de Vila do Conde (PA), com R$ 1,13 bilhão.
INVESTIMENTOS SETOR HIDROVIÁRIO
No setor hidroviário, os principais produtos agrícolas transportados incluem soja (31 milhões de toneladas), milho (22 milhões de toneladas) e fertilizantes (5 milhões de toneladas). As principais hidrovias utilizadas são Madeira, Amazonas, Tapajós, Tocantins, Tietê-Paraná e Jacuí-Taquari.
A Hidrovia do Madeira conecta Rondônia ao Amazonas, com escoamento para os portos de Itacoatiara (AM) e Santarém (PA), enquanto a Hidrovia Tietê-Paraná atende a produção agrícola de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. A Hidrovia do Tocantins é considerada estratégica para o transporte da produção do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). O transporte de soja, milho e fertilizantes representa 50% dos produtos movimentados nas hidrovias brasileiras, com 97% do total dos grãos passando pelos portos do Arco Norte.
Para 2025, os investimentos projetados chegam a R$ 946 milhões, incluindo dragagem de manutenção nos rios Madeira e Tapajós, a implementação de um plano de sinalização náutica nos rios Madeira e Paraná e o início das obras de derrocamento do Pedral do Lourenço, no rio Tocantins.
INVESTIMENTOS EM RODOVIAS E FERROVIAS
Integradas ao Novo PAC, as principais obras de recuperação e melhoria das rodovias federais estarão concentradas em dois eixos estratégicos: o Arco Norte e o Corredor Sul e Sudeste, fundamentais para a logística do agronegócio brasileiro. As rodovias que compõem o Arco Norte receberão um reforço nos investimentos, que saltarão de R$ 2 bilhões para R$ 2,6 bilhões. Esses recursos serão destinados à melhoria da malha rodoviária e à conclusão de obras estruturantes.
Para o Corredor Sul/Sudeste, será destinado R$ 1,9 bilhão para a melhoria do sistema viário. Entre as principais entregas, destacam-se: implantação de nove viadutos/interseções na Rumo Malha Paulista e MRS; acesso ao Porto de Capuaba na BR-447/ES; duplicações de 87 km entre Cuiabá e Sinop na BR-163/MT; duplicação de trecho entre Navegantes e Gaspar na BR-470/SC; e de 46 km entre Soledade e Lajeado na BR-386/RS.
Além disso, o Ministério dos Transportes planeja realizar, neste ano, nove leilões em corredores rodoviários estratégicos, totalizando 5,51 mil km de melhorias e um investimento estimado em R$ 91,4 bilhões. Também está prevista a concessão de 1,70 mil km de ferrovia, com investimentos de R$ 99,7 bilhões.
FORÇA-TAREFA PARA MITIGAR GARGALOS
Diante da safra agrícola recorde de 2024/25, projetada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 322,4 milhões de toneladas de grãos, o Governo Federal está estruturando uma força-tarefa para prevenir problemas nas rodovias, ferrovias e portos. O intuito é evitar desdobramentos que comprometam o escoamento da produção e pressionar os preços dos alimentos, conforme informações divulgadas pela MundoLogística.
Para a Folha de S. Paulo, o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro, declarou que a ação envolve uma articulação conjunta com os ministérios da Agricultura e Portos e Aeroportos.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta uma colheita de 322,4 milhões de toneladas de grãos, enquanto a capacidade atual de armazenagem, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 222,3 milhões de toneladas, suficiente para estocar apenas 69% da produção esperada.
Esse cenário se torna ainda mais crítico devido ao atraso no plantio da safra de verão, que pode concentrar a colheita e pressionar a logística de estocagem.
Conforme informações publicadas pela MundoLogística, o déficit de armazenagem é um problema recorrente no país. Em 2023, a produção agrícola brasileira atingiu 311,5 milhões de toneladas, registrando um crescimento de 15% em relação a 2022. No entanto, a capacidade estática de armazenagem avançou apenas 7,3% no mesmo período, totalizando 201,4 milhões de toneladas. Os dados constam no Balanço Energético Nacional, divulgado pelo Ministério de Minas e Energia.
Entre 2014 e 2023, a taxa média anual de crescimento da capacidade de armazenagem foi de 3,4%, enquanto a produção agrícola cresceu a uma taxa superior de 5,4% ao ano. Esse descompasso reflete um gargalo histórico no setor: a relação entre armazenagem e produção caiu de 77,2% em 2014 para 64,7% em 2023.
Fonte: Mundo Logística