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Gargalos no Porto de Santos provocam perdas de mais de US$ 21 bi em comércio exterior, aponta estudo

O sistema portuário brasileiro enfrenta uma série de gargalos para embarques e desembarques de cargas, e os problemas são mais evidentes no Porto de Santos, o maior da América Latina e responsável por 40% do volume movimentado do País. É o que apontam armadores (como são chamadas as pessoas ou empresas responsáveis pelo transporte marítimo) afiliados ao Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave) e donos de cargas de café reunidos no Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). A Autoridade Portuária de Santos (APS) refuta as críticas.

Os executivos das duas entidades veem um esgotamento da capacidade portuária brasileira, em grande parte no porto santista. Estimativas do Centronave indicam uma perda anual superior a US$ 21 bilhões com o comércio exterior, em especial por exportações não efetivadas. Um dos motivos, dizem, é por não poderem atracar, em Santos, de forma regular, embarcações de contêineres de grande porte, os navios de última geração. Por exemplo, navios com 366 metros de comprimento, aptos a transportar de 13 mil a 16 mil TEUs (unidade de medida do contêiner, equivalente a 20 pés, ou 6,1 metros de comprimento).

Dos 17 portos com operações de contêineres do País, só seis são homologados para esse tipo de navio, mas nenhum deles consegue carregar a embarcação à plena capacidade por conta de restrições de calado operacional, que resultam em déficits de carregamento entre 4% (Sepetiba-RJ) e 23% em (Paranaguá-PR), de acordo com o Centronave. Mas a entidade ressalta que a maior parte da carga nacional não está nesses seis portos, e sim em Santos, que enfrenta limitações de calado. Realizou apenas algumas escalas desse navios neste amo. O máximo que Santos pode garantir de calado, em operação comum, é 14,5 metros, insuficiente para os grandes navios de contêineres.

As embarcações de grande porte lançadas a partir de 2014 – quatro novas classes de navios, de 16 mil, 19 mil, 23 mil e 24 mil TEUs – não entram no Brasil. Apenas as da classe de 14 mil TEUs, construídos de 2008 a 2012. E, mesmo assim, enfrentam restrições em vários portos brasileiros, entre eles o de Santos, afirmam executivos de companhias do setor de navegação.

Em nota, a Autoridade Portuária de Santos refuta as críticas ao porto. Informa que Santos tem plena capacidade de atender a movimentação de contêineres pelo menos até 2030 com os terminais atuais, que movimentam 5 milhões de contêineres em média por ano. Sobre os navios de 366 metros, diz que neste ano recebeu dois. E qualifica de narrativa dos grandes armadores que o porto, entre outros, não teria condições para atracar essas embarcações.

Conforme dizem, os terminais em portos do País estão operando com mais de 80% da capacidade, bem acima do índice recomendado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para operação dos berços de atracação, que é de 65%. Para movimentação nos pátios, o índice é de 70%. A explicação é que, quando se passa desse porcentual, começam a se formar filas de navios. “Santos já superou 85%”, afirma Cláudio Loureiro, diretor executivo do Centronave. “Não podemos ser ineficientes na logística portuária. Isso afeta sensivelmente nosso comércio exterior.”

Fonte: Estadão